Todo dia o Covid-19 está matando alguém em Feira de Santana. É a nova realidade que começou a se impor desde o começo da semana. O boletim, até ontem (29), indicou 12 mortos e 531 infectados no total. Só ontem foram mais 35 casos e dois mortos. Nas últimas semanas houve uma inflexão assustadora: o número de casos passou do patamar de pouco mais de 10 ocorrências para mais de 20 e, já na última semana, ficou sempre acima de 30 casos.
Mesmo com todas as restrições às atividades comerciais, o índice de isolamento social vem ficando, sempre, abaixo de 50%. Nem a antecipação de feriado ou a decretação de ponto facultativo vem esvaziando as ruas. Ao longo da semana, foram comuns os engarrafamentos no centro da cidade. Parece que o feirense desdenha das mortes, mantendo-se pelas ruas só de pirraça.
Pior é que não falta quem circule sem máscara. Grávidas, idosos, obesos – só para mencionar aqueles segmentos mais suscetíveis à doença – transitam sossegados, talvez se fiando na leviandade de Jair Bolsonaro, o “mito”, de que se trata só de uma “gripezinha”. Isso para não mencionar quem bebe em bar, aglomera-se pelas calçadas ou em estabelecimentos comerciais.
O cenário, funesto, não arrefece o ímpeto de quem quer o comércio reaberto, as lojas funcionando, o povo circulando pelas artérias estreitas do centro da cidade. Muitos acham – isso mesmo: acham –, doutoralmente, que o comércio aberto não contribui para a disseminação do Covid-19. Baseiam-se, apenas, na própria opinião, em suas sábias sentenças.
O precário isolamento – aqui só houve mais recolhimento na segunda quinzena de março – traduz-se nos números que se veem aí e na preocupante tendência de elevação da mortalidade. Imaginem se tudo funcionasse, sem qualquer freio, conforme alguns lunáticos querem? Hospitais e unidades de saúde estariam superlotados, com gente morrendo pelos corredores, às dezenas.
Curioso é que nas mídias sociais, nas emissoras de rádio, nas esquinas e nas imprudentes aglomerações desfiam-se diagnósticos e fórmulas para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Um quer mais fiscalização, outro reclama do povo, um terceiro não vê problema em loja aberta, um quarto ataca as autoridades, um fanático defende o “mito” e assim vai.
Apesar de tanta sabedoria destilada, menos da metade dos feirenses vem adotando a mais correta das medidas: ficar em casa. Nas próximas semanas, a solução simples – mas a única eficiente até aqui – terá que ser mais acatada. Sob a incontornável pena do número de mortes diárias dar um salto abrupto…
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