Tentei entender o avanço do novo coronavírus na Feira de Santana a partir dos dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde. Infelizmente as informações divulgadas são incompletas e não ajudam, sequer, quando se quer enxergar o cenário sob um prisma – quem sabe – positivo. O fato: desde o começo da semana o número de novos infectados, na média diária, saltou de pouco mais de 30 para quase 100.
Para evitar pânico e tentar enxergar sob uma perspectiva mais favorável – descartando um súbito e abrupto aumento de registros – busquei dados sobre o número de casos aguardando resultado do exame. Há poucas informações disponíveis e o que é possível é, no máximo, especular. Ontem (04) havia 215 confirmações pendentes; na véspera, eram 304; na terça-feira, 360; e, no dia 1º de junho, 416. Na semana anterior só encontrei informação para o dia 27: 341 exames pendentes.
O número de casos, conforme se afirmou, saltou ao longo da semana: foram 34 na segunda-feira e começou a sequência vertiginosa: 111 na terça (02), 82 na quarta (03) e ontem, por fim, mais 103 casos. Aí surge a dúvida: nesses quase 300 casos em três dias pode-se abater os 201 – que correspondem à diferença entre os casos pendentes de segunda (416) e quinta (215)? Eis a dúvida.
Caso afirmativo, sobram cerca de 100 casos. Divididos pelos três dias, chega-se à média de pouco mais de 30 – a matemática é imprecisa, porque os dados também o são – o que equivale àquela quantidade que se verificava semana passada. Há motivos para comemoração? Haverá – caso a hipótese se confirme – a constatação de que a quantidade de casos notificados se estabilizou num aparente platô. Caso seja por aí, é bom divulgar a informação.
Há, porém, dois aspectos que não podem ser negligenciados. Um deles é a subnotificação: cientistas afirmam que, no Brasil que não faz testes, o número real de casos pode variar entre oito e 15 vezes mais. Assim, esses 30 casos diários, na média, são, no mínimo, 240. Então, não há razões para sair comemorando, nem julgando que o pior já passou e que todos podem sair de casa.
O outro aspecto é justamente esse: o feirense está pelas ruas – sobretudo no centro da cidade – sem máscara, sem pressa, sem cautela. Não há orientação, nem advertência, que o faça retornar para casa, evitar se expor, sair o mínimo possível. Note-se que não me refiro a quem trabalha: há turmas no dominó, na cerveja, nos animados bate-papos nas esquinas. Tocam a vida como se a pandemia não pudesse alcançá-los.
Os dados são quantificáveis e divulgados pela própria prefeitura: os índices de isolamento não alcançam, sequer, os 50%. O ideal seria 70%. O que esses números significam? Que, quanto menor o isolamento, mais tempo vai demorar para os números de pandemia declinarem.
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