
Que dizer do avanço do novo coronavírus na Feira de Santana? Só ontem (12) foram confirmadas mais seis mortes. Outros 110 casos se somaram às notificações anteriores e, agora, o município totaliza 1.416 casos. A quantidade de óbitos começa a inquietar: com os seis de ontem, já são 28 contabilizados. É bom lembrar que, no começo da pandemia, as mortes eram raras, mas, nas últimas semanas, se aceleraram.
O pior de tudo é que o País está distante do pico de casos e mortes e do aguardado declínio da pandemia. As previsões mais otimistas – projeções se sucedem vertiginosamente no noticiário, à medida que novos números são computados – empurram para agosto o pico. Só a partir de então, apostam os mais confiantes, é que os registros tendem a declinar.
Começa a ser fastidioso recordar que o isolamento social e as medidas preventivas estão sendo abandonadas por parcela significativa da população. A culpa – no senso comum –, como se sabe, é sempre do poder público, que não reprime, não fiscaliza, não pune, não enquadra os recalcitrantes. Nessa leitura torta da realidade, ninguém tem responsabilidades – nem consciência – e cabe ao Estado o papel punitivo.
O curioso é que, quanto mais se desrespeita o isolamento, mais se retarda o final da pandemia. Quem quer ser esperto no mundo hoje – manter suas atividades, inclusive as econômicas, como se nada estivesse acontecendo – acaba prejudicado também no atacado, porque retarda a retomada lá na frente. E atrapalha todo mundo, penalizando sobretudo os disciplinados.
No meio do caos, é necessário reconhecer sempre os esforços das autoridades locais – prefeitos e governadores – para conter a Covid-19. Principalmente porque, no Planalto Central, não há uma estratégia, um plano, um conjunto de ações, nada. No fundo, os mais atentos já perceberam que não há nem governo. Pior ainda: o que há é um desgoverno, que boicota ostensivamente as ações contra a pandemia.
A clássica expressão – tempestade perfeita – ajusta-se ao Brasil atual. De um lado a população revoga sem cerimônia as medidas de contenção da pandemia, expondo-se e expondo até os mais cautelosos. Do outro lado, o governo em Brasília minimiza o novo coronavírus, tenta esconder números, alardeia remédios milagrosos com frequência. E há até tresloucados farejando burla na quantidade de óbitos, pregando recontagem, num flagrante desrespeito às famílias das vítimas.
É tão trágica a situação brasileira que vem à memória, sempre, um trecho da canção “Sereníssima”, da banda Legião Urbana – sucesso do rock nacional nos anos 1980/1990 – imortalizada na voz de Renato Russo: o caos segue em frente com toda calma do mundo…
Lançada há 30 anos, é mais atual hoje que naqueles tempos.
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