Sábado e domingo o sol se pôs com céu limpo na Feira de Santana. Bancando esfera incandescente, o astro mergulhou sob um silêncio solene que só os pios dos pardais, às vezes, profanavam. Pelos sertões, como aqui, o espetáculo é sempre soberbo. Sobretudo a partir da primavera, quando o verão vai se avizinhando. Sons de verão, a propósito, já há por aí: sábado ouvi o canto aflito, mas breve, de uma cigarra numa palmeira imperial; no silencioso começo da tarde de domingo, foi a vez de um sabiá saudar o azul e o sol num galho de mangueira.
O final de semana, porém, não foi marcado só pelos primeiros sinais do verão. Buzinas, bandeiras, músicas, carreatas e discursos marcaram o começo da campanha eleitoral na Feira de Santana. Candidatos à prefeitura e à Câmara Municipal lançaram-se às ruas, afugentando por instantes o silêncio e a quietude comuns nesses tempos de pandemia da Covid-19.
“Mudança”, pelo jeito, vai ser palavra-chave nas eleições 2020 por aqui. Pelo menos para a oposição, que começou martelando, apostando no cansaço do eleitor com o grupo político do ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM), que está há 20 anos no poder. Há pesquisas indicando esta tendência? Talvez levantamentos qualitativos sinalizem isso. O fato é que o discurso da “renovação” surge como mote eleitoral.
Diversas pesquisas, recentes, apontam para um cenário indefinido, sem favoritismo claro. E as mudanças nas regras eleitorais – acabaram-se as coligações partidárias na eleição proporcional – trazem mais incerteza que, lá na frente, podem se traduzir em novidades na composição do Legislativo. Muito candidato neófito aposta nisso, acreditando numa renovação mais ampla da Câmara Municipal.
Além do prefeito Colbert Martins Filho (MDB), que tenta a reeleição, há outros oito postulantes ao Paço Municipal. Entre eles, deputados federais – José Neto (PT) e Dayane Pimentel (PSL) –, o deputado estadual José de Arimateia (Republicanos) e o vereador Roberto Tourinho (PSB). Há, também, o ex-deputado estadual Carlos Geilson (Podemos). Três não exerceram, antes, mandato político: Marcela Prest (PSOL), Carlos Medeiros (Novo) e o empresário Nelson Roberto (PRTB), o Rei Nelsinho.
Com tanta gente experiente, fica a expectativa de um debate qualificado. E que as questões que afligem a Feira de Santana sejam debatidas com a profundidade necessária. Neste primeiro dia, prevaleceram as inevitáveis apresentações, os clichês. A partir daqui, é bom que o debate se dê num nível elevado. Sobretudo porque a Princesa do Sertão – e o próprio País – vivem um momento muito grave, decorrente da pandemia da Covid-19 e do caos político em Brasília.
É bom ninguém se enganar: o próximo prefeito da Feira de Santana vai enfrentar um mandato duro, marcado por inúmeras dificuldades…
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