
E a humanidade chegou a novembro, com essa inseparável inimiga rondando nossos lares, quantas vezes nos pegamos avaliando possíveis sintomas? Terrível. Mas o caos que se prenunciava está chegando, falo do desemprego. Os dados começam a chegar e são premissas de um caos maior, pois os efeitos sobre o mercado de trabalho são
intensos e contínuos. Quem perdeu o emprego teve dificuldade em se recompor, pois a pandemia impactava a mobilidade, o acesso a cidade e seus escassos postos de trabalho.
Qual o perfil de quem está desempregado? Para começo de conversa, o Brasil entrou na pandemia com 11,9 milhões de pessoas sem trabalhar e entre os que perderam emprego, 23% dos que estavam desocupados ganhavam antes até um salário mínimo. Entre os que ganhavam entre 1 e 3 salários mínimos, 9% estavam sem trabalho no segundo trimestre. O bicho pegou mesmo para os que ganhavam pouco, por enquanto, pois parece que o desemprego resolveu comer pelas beiradas até chegar aos que ganham mais. Por enquanto sobrou para quem tem menos proteção, basta verificar que cerca de 1/3 dos trabalhadores domésticos sem carteira assinada estavam fora do mercado, triste, não é? Mas os trabalhadores por conta própria, também foram muito atingidos.
Os negros perderam mais vagas que os não negros, todo bem ora direis, que eles são maioria na população, mas aí você que é contra as cotas nas escolas não lembra disso quando solta toda sua carga de preconceito. E se for mulher e negra, aí a coisa ficou ainda pior. E se for mulher, negra e mais de 50 anos, praticamente o mercado excluiu
ou para utilizar um termo mais jovial, foi cancelada.
Enfim, a pandemia aprofunda as desigualdades no mercado de trabalho brasileiro, pois atingiu, como dito acima, as parcelas da população mais fragilizadas, vulneráveis, sem carteira assinada, baixos salários, baixa escolaridade, negros, muitos jovens e mais velhos.
Agora fica a dúvida sobre a velocidade da retomada e ainda mais quando paira no ar no pós eleições uma segunda onda de contaminação do novo coronavírus. Apenas a covardia dos governantes estaduais e municipais de não querer assumir o ônus nas vésperas do pleito de novembro. Afinal de contas, a recuperação da Economia vem
lenta montada numa tartaruga centenária, sem direito nem a vôo de galinha.