Se fossem fazer concurso para selecionar os candidatos à Câmara Municipal feirense, sobrariam poucos nomes para o eleitor escolher. É sofrível o nível de boa parte dos postulantes. Nem precisaria fazer uma prova muito exigente, não: bastariam umas poucas questões objetivas relacionadas às atribuições do vereador. Boa parte ficaria pelo caminho. Quem quiser constatar, só precisa acompanhar a propaganda eleitoral.
Antes das novas regras eleitorais, uns 400 nomes se arriscavam à vereança aqui na Feira de Santana a cada pleito. Agora, segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, são mais de 600. As bizarrices, que já eram abundantes no passado, agora foram alçadas quase à condição de regra. Classificar muito candidato de palhaço é até uma ofensa aos bravos profissionais do riso.
Além da bizarrice, há promessa para todos os gostos nestas eleições. Há candidato a vereador, por exemplo, que planeja construir hospital, escola, creche, revitalizar praças, ruas e avenidas. Tudo muito bonito, mas, por enquanto, vereador não tem chave do cofre, nem tinta na caneta para autorizar obras. Até aqui, a função cabe ao Executivo.
Os menos criativos, coitados, apegam-se a generalidades para cativar o eleitor. Daí as referências à saúde, à educação, à segurança pública, à assistência social e a diversos segmentos da população (zona rural, periferias, camelôs, ambulantes, profissionais da saúde, da educação e por aí vai). Segundo eles, representarão determinado tema no Legislativo. Mas fazendo o quê? É o mistério.
Alguns prometem mundos e fundos por esperteza, achando que vão engambelar o eleitor, enganá-lo. Outros por ignorância mesmo, por desconhecer as funções do vereador. Ambas as situações são danosas para o Legislativo e para o próprio exercício da democracia. Afinal, eleitos, muitos vão se limitar a distribuir comendas, títulos e medalhas e a celebrar efemérides. Outra tarefa comum é elogiar o prefeito de plantão, seja quem for. Nada fragiliza mais o salutar equilíbrio entre os poderes.
Para ingressar como servidor efetivo na administração pública é necessário ser aprovado em concurso público. Pelo menos, até a nociva reforma administrativa de Jair Bolsonaro, o “mito”, ser aprovada. Cargo eletivo devia implicar também numa seleção prévia, uma prova que ateste aptidão para quem almeja ocupar funções políticas. Uma espécie de concurso para candidato.
Caso existisse essa prova, aqui na Feira de Santana sobrariam poucos candidatos aptos. Mas tudo indica que seria melhor, pois os mais despreparados – e folclóricos – seriam descartados previamente…
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