A feira de Pau dos Ferros acontece ainda aos sábados, quando Tio Zé Papagaio colocava um chapéu de massa, botina e roupa, dessas da foto, e marcava o ponto entre as Quatro Bocas e o Armazém de Almino Neto defronte a um dos lados do bonito Mercado Municipal reluzindo ao sol quente.
Pau dos Ferros é um nome daqueles que faziam vibrar Câmara Cascudo e idem Eurico Alves Boaventura se o poeta de Feira de Santana conhecesse, como aquele, a intimidade deste lugar sertanejo do Rio Grande do Norte.
Tão sertanejo a ponto de traduzir no topônimo o hábito dos vaqueiros de se comunicarem ferrando nas árvores dos pousos e pontos de encontros nas caatingas as marcas do gado dos quais cuidavam naquelas extensões enormes de terras. Dizem que era uma oiticica na beira do rio Mossoró.
O rio nasce nas serras de Luiz Gomes, corta a cidade e desce para o Apodi, Mossoró, de onde vai aguar as salinas das margens da embocadura entre os municípios de Grossos e Areia Branca, até cair no mar esverdeado do litoral setentrional.
Mais de 25 cidades vivem no entorno de Pau dos Ferros. Muitos municípios, como é o modelo brasileiro, desmembrados do extenso território que ocupava nas origens. Duas rodovias federais cruzam-se na cidade que liga-se facilmente ao Ceará e à Paraíba.
Meu tio Zé Papagaio esperava as águas do rio São Francisco. Lhe ouvi falar desde que comecei a ouvi-lo e não foi pouco. José Paulo do Rêgo. Não era Zé Papagaio por causa da Disney, nunca nem soube o que era isso, era Papagaio porque as terras onde morava eram assim chamadas, sítio Papagaio, Néo Papagaio seu pai, Papagaio foi seu avô, seu bisavô…Ivone, a mulher dele, minha tia, também na foto, faleceu há poucos dias, aos 96 anos. Em Pau dos Ferros.
A ela e a ele dedico essas palavras escritas.
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Grande Jânio Rego,
Saudações de seu primo e admirador deste grande jornalista,
Jocel Rego