O governador Rui Costa (PT) anunciou no final da tarde de hoje (28) a extensão do lockdown até a próxima quarta-feira (03) em boa parte da Bahia. Aqui na Feira de Santana o prefeito Colbert Filho (MDB) já antecipou que o município vai aderir à iniciativa. Estão certos. Com os leitos de UTI perto de 100% de ocupação e com a pandemia se alastrando sem controle, não há outra alternativa. Caso não se antecipem, logo vai haver gente morrendo nos corredores dos hospitais, nas ruas, nas próprias casas, sem atendimento médico. Algo semelhante àquilo que ocorre em Manaus desde dezembro.
A medida – como era de se esperar – começou a ser bombardeada instantes depois do anúncio. Alguns sábios – esses que vociferam nas esquinas digitais – criticam lockdown, isolamento social, até o uso da máscara. São revolucionários: inspirados por seus delírios, contrariam a receita que orienta países como Holanda, Alemanha e Inglaterra, para mencionar só três dos que tomam suas decisões orientados pela ciência e pautados pelo planejamento.
Por outro lado, mais uma vez invoca-se a falsa dualidade entre saúde e economia, alega-se que empresas vão quebrar, que as restrições são insuportáveis. É óbvio que a situação é muito delicada. Mas, lamentavelmente, essa turma toma a direção errada: ao invés de forçar a abertura inconsequente, deveriam pelejar pelas medidas mais efetivas que vão produzir resultados combinados no curto e no longo prazos.
Que medidas são essas? O retorno imediato do auxílio emergencial para aquecer temporariamente a economia e socorrer os brasileiros mais vulneráveis; medidas efetivas de socorro às empresas, o que não aconteceu ano passado na escala necessária; e – o que é mais importante – a vacinação em massa da população, que até aqui vem ocorrendo a conta-gotas.
Tudo isso exige intensa pressão sobre Jair Bolsonaro, o “mito”. Não é o que se vê por aqui: descontando algumas entidades e uns poucos militantes dos partidos de esquerda, ninguém na Feira de Santana cobra essas medidas. Talvez seja medo de desagradar o “mito”. Ou pior: ausência de visão estratégica. Políticos locais, dirigentes de classe, o patronato, praticamente ninguém se manifesta.
Boa parte dos consumidores não se sente em segurança para sair e consumir. Logo, o nível de atividade tende a permanecer pífio sabe-se lá até quando. A solução para o impasse? Vacina. Pelo jeito, os comerciantes feirenses – que têm poder de pressão – não conseguem enxergar algo tão óbvio. E insistem numa abertura atabalhoada, recorrendo a argumentos bizarros.
É sempre bom lembrar: quando o colapso se aprofundar e vier o caos, todo mundo vai sair de baixo. Sobrarão os prefeitos, os governadores, aqueles que chefiam o Executivo. O ocupante da presidência da República – com suas pulsões genocidas – nem precisa ser mencionado, já que é parte do problema e não da solução…
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