Apolinária das Virgens Oliveira , 73 anos, caminha na roça de mandioca perto da Casa-de-Farinha da Quixabeira da Matinha para as imagens externas de uma longa conversa que se deu lá no salão da Associação Coleirinho da Bahia, onde Dona Chica do Pandeiro, ao lado da foto de Coleiro da Bahia, conta a história e canta as cantigas e tons da musicalidade rural que a acompanha desde criança, filha que era de Aurelino Sambador, autor do ‘Boi de Roça” que Dona Chica gravou, com exclusividade, para esse vídeo.
O curta-entrevista está na sua versão completa nos canais do Blog da Feira e Terra de Lucas no Youtube
O Boi de Roça é um canto de trabalho. Não existe instrumento de acompanhamento e era cantado durante o trabalho na roça, fosse na lavoura de mandioca ou outras atividades que envolvem agrupamentos de pessoas. “A gente vai trabalhar, junta um batalhão de gente, vai pra lá trabalhar e cantar”.
As letras dos boi de roça são referentes a eventos da própria comunidade. No vídeo, dona Chica do Pandeiro canta um boi de autoria do pai dela (ela diz que ele produziu mais de 400 bois de roça!) que conta a história de dois amigos, gente da comunidade da Matinha, que um tomou a “amante” do outro.
O canto se dava também por improvisação, daí ser comparado por Guda Moreno, filho de Dona Chica, como um “repente, um cordelista da zona rural”, assim como aquela literatura, dando as “notícias” mais interessantes do local.
Na entrevista Dona Chica do Pandeiro fala sobre a vida na zona rural, na roça de mandioca, o fabrico da farinha, as viagens, à pé, para ir à feira nas segundas-feiras na Feira de Santana.
Veja aqui o trecho do Boi de Roça: