
Em um curto e direto tuíte publicado nesta manhã em sua página, o arcebispo de Feira de Santana, dom Zanoni Demettino, lembrou que hoje é a data da “triste lembrança dos 57 anos da Ditadura, um dos mais dolorosos episódios da história”.
Essa é a primeira vez que um chefe da Igreja Católica em Feira de Santana se pronuncia diretamente contrário à Ditadura Militar implantada como o golpe que aconteceu no dia 31 de março de 1964.
Nesta data, a triste lembrança dos 57 anos da Ditadura, um dos mais dolorosos episódios da história
— Zanoni Demettino (@DomZanoni) March 31, 2021
Em Feira de Santana o golpe destituiu o prefeito eleito em 1962, Chico Pinto e no seu lugar foi colocado como interventor um vereador, Joselito Amorim.
No documentário audio-visual “Chuvas de Março”, os cineastas Johny Guimarães e Volney Menezes mostram os desdobramentos do golpe de 1964 e as consequências do AI-5 em Feira de Santana, com depoimentos de várias pessoas que se opuseram ou apoiaram o movimento dos militares. Entre os opositores, há depoimentos do então prefeito Chico Pinto, deposto da prefeitura logo após o golpe, do professor Luciano Ribeiro, da ex-reitora da Uefs, Iara Cunha, do economista Hosannah Leite, e do sapateiro Torquato de Brito, militante do Partido Comunista Brasileiro, todos presos pelo regime militar. Entre os apoiadores, há depoimentos do advogado Hugo Navarro e do ex-prefeito Joselito Amorim, que sucedeu Chico Pinto no governo municipal.
Os depoimentos mais marcantes, entretanto, são do advogado Celso Pereira e do economista Sinval Galeão. Os dois contam como foram torturados pela Ditadura, em Feira de Santana.
Como foi duro e penoso a luta pelas diretas já! Eu estudava teologia em Porto Alegre e, juntos com outros estudantes, fomos à grande manifestação, aos 13/04/1984, no Largo da Prefeitura, no centro de Porto Alegre-RS. Não se pode esquecer todo o envolvimento pelo Brasil, de norte a sul e de leste a oeste, evidentemente, a custa de muita luta e de muito sacrifício. Era um basta à ditadura, às torturas, ao obscurantismo, sem esquecer a ausência de liberdade. Dom Zanoni amigo e colega dos bons tempos de seminário, parabéns pelo artigo! É verdade: “Ditadura: triste lembrança!
Padre Geovane Saraiva