Hoje é 7 de abril, dia do jornalista. Não sou muito ligado nestas efemérides, mas em 2021 – em função dos terríveis acontecimentos dos últimos anos – é necessária uma referência especial. Não há tantas razões para comemoração: o desemprego e a precarização são quase a regra, os salários são baixos, a violência contra os profissionais da comunicação cresce, a praga das notícias falsas se alastra e qualquer troglodita fuxiqueiro se julga credenciado para julgar e condenar jornalistas.
Mas o verdadeiro jornalismo – que se exerce com ética e com técnica – segue fundamental e o horror da pandemia apenas reforça essa importância. Só não vê quem não quer. Poderia, aqui, tentar discorrer sobre a profissão. Mas julgo que há gente muito mais qualificada do que eu para fazê-lo. É até irônico, mas constato que exerci – e sobretudo vivi – muito mais o jornalismo que, propriamente, pensei ou refleti sobre ele.
Talvez isso se deva ao fato de que não cheguei até ele pela via tradicional – a formação acadêmica –, mas pela condição de provisionado no extinto Jornal Feira Hoje, de tantas recordações. Isso faz tempo: quase 26 anos, mais de um quarto de século. Da chamada velha guarda do jornalismo feirense, sou o mais jovem.
As mudanças foram vertiginosas nestas mais de duas décadas. Já mencionei num artigo anterior: naquela época, a comunicação limitava-se às emissoras de rádio e tevê e às publicações impressas. Era indiscutível que o trabalho era menos precário – havia o registro formal em carteira de trabalho, o que assegurava direitos – e o jornalista podia se dedicar, basicamente, àquilo que é a essência do seu ofício: informar.
Obviamente, a tecnologia trouxe muitas mudanças maravilhosas. Hoje a comunicação é, sem dúvida, mais acessível, talvez até mais democrática. Não falta quem tenha prosperado com um site, um blog ou com essas mídias mais modernas; investir num veículo digital não é necessariamente dispendioso, muito pelo contrário: com pouco capital, alavancam-se iniciativas. A interação com o público, então, viveu uma revolução vertiginosa.
Mas tudo tem também seu reverso. As fake news subverteram a democratização, tornando-a vale-tudo, anarquia; os jornalistas acumulam tarefas que vão além do ofício de informar; sobram picaretas aí pela praça – com sites, com blogs, com mídias mais modernas – confundido bajulação ou mentira com informação; o acesso ao universo digital favoreceu interesses nefastos – inclusive políticos – que proliferam por aí, sem qualquer vínculo com jornalismo, embora finjam que tem. E a interação converteu-se em palco para a barbárie, sob muitos aspectos.
Enfim, é um debate apaixonante, extenso, que renderia infindáveis artigos e crônicas. Esta se encerra por aqui: aproveito para parabenizar todos os profissionais da comunicação pelo dia do jornalista! E, àqueles que se orientam pela ética e pelo compromisso, desejo paciência e perseverança para enfrentar esses tempos áridos!
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