A Feira de Santana voltou à média móvel de uma morte suspeita ou confirmada por Covid-19 no sábado, dia 10. É espantoso, mas não se alcançava este patamar desde o longínquo dia 26 de fevereiro, há quase cinco meses. A partir de então, a média móvel oscilou sempre acima de dois óbitos, alcançando o teto de quatro durante um longo período. Junho, inclusive, foi o mês em que mais se permaneceu neste patamar. As informações são da Central de Informações de Registro Civil – CRC Nacional e estão disponíveis para consulta no endereço eletrônico <https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid>.
Apesar do arrefecimento da quantidade de mortes, infelizmente a Feira de Santana aproxima-se do funesto número de mil óbitos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Até hoje (12), o CRC Nacional cravava 985 mortes nestas situações. É bom lembrar: isto significa que, de cada 600 feirenses, pelo menos um provavelmente morreu da doença desde o primeiro semestre do ano passado. Uma catástrofe, embora até haja lugares piores Brasil afora.
A vacinação, conforme se sabe, avança a passos lentos porque lá no Planalto Central não se providenciaram imunizantes com a celeridade que a situação requeria. Na CPI, estão vindo à tona as razões, nada republicanas, como se percebe. O fato é que, até sábado, a Prefeitura da Feira de Santana aplicou as duas doses em 84.085 pessoas; e 231.008 tomaram pelo menos a primeira dose. A informação está no site da Secretaria Municipal de Saúde.
O ritmo lento de imunização e a velocidade acelerada da reabertura – seguir protocolo não é assim tão corriqueiro como se alardeia por aí – podem implicar numa terceira onda mais à frente? Os infectologistas não descartam o risco. E é bom lembrar que, apesar da queda no número de mortes, o patamar permanece elevadíssimo, superior ao do pior momento do ano passado.
Piorando tudo, há o pesadelo político, o caos administrativo, as suspeitas de corrupção que envolvem até a compra de vacinas. Quantos feirenses morreram em função do descaso e da negligência dos lunáticos em relação à pandemia? É uma indagação interessante que talvez algum especialista venha a responder. Imagino que centenas morreram, no mínimo.
Com a vacinação, vê-se algum horizonte, enxerga-se a perspectiva de o pesadelo sanitário arrefecer. Mas tudo indica que ainda há, no mínimo, longos meses pela frente. Neles, a morte e o medo da morte permanecerão constantes. Vejo, como símbolo sonoro destes tempos, as sirenes aflitas das ambulâncias cortando a cidade de um lado para o outro, na nobre tarefa de tentar salvar vidas…
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