Daqui a doze anos a Feira de Santana completa 200 anos de emancipação. Isto lá em 2033. Estas datas redondas costumam render homenagens, festas, celebrações e, às vezes, acalorados debates e alguma reflexão. Mas, por enquanto, neste 2021, o município completa o seu 188º aniversário. Não é data redonda, mas devia despertar discussões sobre o seu futuro. Sobretudo neste grave momento de pandemia, quando são densas as incertezas sobre os próximos anos e se vive o luto pelos mais de mil mortos pela Covid-19.
Qual é a Feira de Santana que se deseja para 2033? A pergunta devia orientar as ações dos governantes, inspirar o planejamento para os próximos quadriênios. Não sei se a prefeitura feirense dispõe de um plano de longo prazo que abranja esse período e também não sei se, caso exista, este plano hipotético inspira os planos plurianuais, que são de elaboração obrigatória. O do próximo quadriênio, a propósito, deve estar em tramitação na Câmara Municipal.
O fato é que, sem planejamento, não se vai a lugar algum. Até sonhar, almejar um futuro – por mais subjetivo que seja o exercício – é algo que fica comprometido, por não se saber o que se quer. Além de se saber o que se deseja para a Princesa do Sertão, é necessário definir como se pretende chegar lá e, obviamente, estabelecer metas, mobilizar recursos, engajar o setor público e a própria sociedade.
Como deverão estar a saúde e a educação – só para mencionar dois dos temas mais cruciais – em 2033? E o que está sendo feito já hoje para se atingir estes objetivos de longo prazo? O que se pensa sobre a economia feirense no mesmo intervalo? Deve se diversificar, elevar sua produtividade, dispor de mão de obra mais qualificada? A resposta – óbvia – deve ser sim. Mas como vai se chegar lá? O que define este rumo é o planejamento.
É bom não esquecer que a Feira de Santana que completará 200 anos em 2033 ainda deverá estar sofrendo as sequelas da pandemia da Covid-19. Os impactos sobre a educação – milhares de estudantes ficaram sem aulas durante muito tempo –, sobre a saúde, sobre a própria economia feirense foram significativos. E note-se que, sequer, chegamos ainda à fase do pós-pandemia.
Superar essa fase funesta mais rapidamente vai exigir planejamento de médio e longo prazos. Apesar das adversidades, a oportunidade é ótima para se despertar para a cultura de pensar antes de agir, de visualizar problemas, perceber oportunidades, identificar com clareza demandas da população. Em suma, planejar.
A querida – e castigada – Feira de Santana merece todas as homenagens nesta data em que completa 188 anos. Mas merece também ser pensada com carinho e com método para que, quando completar 200 anos de emancipação, seja uma cidade melhor para todos os que nela vivem.
*Texto publicado originalmente no jornal Digaí Feira.
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