Duas mulheres que passaram a vida toda na Matinha. O que teriam em comum? São duas histórias que se cruzam no exercício da mesma missão: educar. Welma Nascimento dos Santos Assis e Regina Lúcia Souza Oliveira atuam como professoras há 30 anos no mesmo distrito. Suas vidas mudaram na mesma medida que a localidade cresceu, se desenvolveu e se tornou inclusive um importante eixo de desenvolvimento da educação pública.
Hoje, ambas as professoras se reconhecem como parte fundamental na vida social do distrito, tendo influenciado diretamente na formação da população da Matinha. “Eu sempre gostei de ensinar, nasci para ser professora”, reconhece Welma Nascimento, do alto da experiência acumulada há três décadas na mesma unidade de ensino. Ela é uma das educadoras da Escola Municipal Olhos D’águas das Moças. Para a docente, sua atuação é a realização de um sonho.
Welma se emociona ao falar de tudo que presenciou na comunidade enquanto as diversas fases da vida iam acontecendo. Chegou à escola ainda muito jovem, como professora recém-formada, e viu o distrito se transformar.
Outro fato que deixa a pró cheia de orgulho da sua trajetória é que hoje ela ensina aos filhos e até netos dos seus ex-alunos. “Quando eu comecei a perceber eles foram se multiplicando. São vidas que foram passando por mim e que vamos criando um vínculo de amizade, uma relação família x escola que não se separa e que nos marca para sempre”, relata a professora.
Alunas viraram colegas de trabalho
Regina Lúcia, assim como Welma, tem sua história de vida intrinsecamente ligada à da comunidade. São 29 anos de trajetória e muita coisa para contar. Para ela, é impossível não se tornar parte de uma grande família. “Já participei de tanto casamento, batizado, aniversário… Sempre dando um jeito de estar presente, perto deles”, contou Regina.
Formada em História, ela é professora desde o ano de 1992. Foi também diretora da escola e nos últimos anos passou a atuar com as crianças da Educação Infantil, o que a realizou ainda mais. Durante todo esse período, Regina também trabalhou na mesma unidade de ensino, a Escola Municipal Anízio Pereira Bernardes. Hoje tem como colegas de profissão professoras que foram alunas dela.
“Já passei por tantas fases – antes, aqui só tinha escola de educação infantil. Os jovens tinham que ir até a sede (da cidade) para cursar o antigo ginásio. Foram muitas lutas, muitos problemas com o transporte. Hoje é muito gratificante ver o crescimento da educação aqui porque temos escolas em todos os níveis”, relembra a professora.
Além das histórias que se cruzam na Matinha, as duas professoras têm muito mais em comum e com certeza centenas de docentes devem se identificar também. A trajetória é marcada por muitos desafios, como é típico da educação pública, mas a missão é o mais importante. A própria atuação é um combustível. Se perguntadas sobre arrependimento ou se fariam algo diferente, a resposta é consoante: não! A realização faz tudo valer a pena.
“Nem tudo são flores. Às vezes, nos sentimos tristes, mas a cada dia que chegamos à escola é uma alegria, um impulso. Pra mim, educar é transformar. Seja em sala de aula ou fora dela, nos transformamos o tempo todo”, ensina Welma.