O turbilhão de notícias sobre o caos no transporte público na Feira de Santana é tão vertiginoso que inviabiliza comentários sobre fatos isolados: mal alguém se debruça sobre um deles e lá vem novidade, invariavelmente ruim. Aliás, esta tem sido a crônica do transporte público na cidade ao longo das últimas décadas. A pandemia até pode ter tornado tudo pior, mas o enredo é antigo.
Semana passada houve paralisação de rodoviários. Na sequência, uma das concessionárias suspendeu linhas para comunidades rurais; essas comunidades se mobilizaram, acampando defronte à garagem da empresa, em protesto; e, por fim, descobre-se a disposição da concessionária de deixar de operar no município.
No começo da tarde de hoje (28) – diante da gravidade do cenário – o prefeito Colbert Filho (MDB) resolveu decretar situação de emergência no transporte público. Assim – é o que se prevê em contextos do gênero – a Prefeitura poderá contratar empresa em caráter emergencial. A situação, aliás, nem nova é: já tinha acontecido anos atrás, antes da licitação que legou à Feira de Santana as atuais concessionárias.
Na crise anterior, antigos ônibus que durante anos circularam pelas zonas Norte, Oeste e Leste da capital paulista começaram a transportar emergencialmente os feirenses. Alguns deles, a propósito, permanecem na região, como recordações daquela época. Agora, transportam gente para a extensa zona rural da Feira de Santana.
É longo o caminho a ser percorrido para legar à Princesa do Sertão um sistema de transporte público que funcione e que esteja à altura do que a sua população, tão sofrida, merece. Terceirizar responsabilidades, enxergar motivações político-partidárias e demonizar manifestações não ajuda, em nada, a resolver os problemas. Pelo contrário: torna-os ainda maiores.
Ironicamente, com o caos, pelo menos reacende-se a esperança de que os problemas comecem a ser resolvidos. Ou que, no mínimo, a situação pare de piorar. O que mais falta acontecer? A suspensão completa dos serviços? Todo mundo torce para que não. Sobretudo porque o caos no transporte público tem reflexo direto sobre a já combalida economia feirense. É pior pra todo mundo.
Tudo indica que, nos próximos dias, o turbilhão de novidades permanecerá aí. Tomara que, depois de tantas más notícias, surjam perspectivas. Nem que seja de longo prazo já que o horizonte imediato permanece bem nebuloso…
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