Amanhã (20) é Dia da Consciência Negra. A data, este ano, terá celebração especial, muito em função do horroroso momento político que os brasileiros vão enfrentando. Ironicamente, aqui na Feira de Santana, a data vai marcar o último dia de funcionamento do comércio de frutas e verduras – uma feira-livre informal – ali na fervilhante rua Marechal Deodoro. Pelo que planeja a prefeitura, no dia seguinte acontece a remoção para o início das obras do Novo Centro.
Que dizer? Boa parte de quem peleja ali é preto e pardo – mulheres e homens que criam o próprio trabalho, no esforço para sustentar dignamente suas famílias – e dedica-se à atividade há décadas naquele espaço. Com certeza terão o menos esquecível Dia da Consciência Negra de suas vidas. Mas, pelo menos, não faltará inspiração para a batalha por uma solução que não é a que a prefeitura oferece.
Inspiração, aliás, não é o que tem faltado às lutas populares aqui na Feira de Santana. Os moradores de comunidades rurais, por exemplo, deram um excelente exemplo. Sem ônibus e acesso à bilhetagem eletrônica – o transporte alternativo, até então, não empregava a tecnologia – vinham pagando dobrado para utilizar o caótico sistema de transporte coletivo do município.
O que fizeram? Ocuparam a garagem de uma empresa de ônibus e só saíram de lá com uma solução encaminhada. Depois de muita conversa – na prefeitura acusaram até viés político-partidário na mobilização – houve um acordo: as vans utilizarão, também, a bilhetagem eletrônica, agilizando o deslocamento e reduzindo custos para os moradores. A solução será definitiva? Os próximos dias trarão respostas. Mas, desde já, todo mundo já conhece a fórmula: mobilização.
Quem também está dando exemplo de mobilização são os camelôs alocados no festejado shopping popular. Até onde pôde, a prefeitura ignorou o problema, interditando o diálogo. O imbróglio, porém, só vem crescendo e até mesmo a Câmara Municipal – sempre tão distante dos problemas feirenses – teve que se engajar, intermediando uma solução que está em construção. Mas uma coisa já é visível: a não-solução da prefeitura não figura no leque de soluções.
Para os feirantes da Marechal – a “Maré” –, a opção proposta pela prefeitura é alocá-los no depauperado Centro de Abastecimento ou nas feiras-livres dos bairros. Inconformados, recusam-se a aceitar a medida. Não lhes resta alternativa que não seja mobilizar-se e seguir pressionando o Executivo. Caso não fizessem isso, os moradores das comunidades rurais estariam aí pagando passagem dobrada e os camelôs amargando, em silêncio, o despejo e a ausência de perspectivas.
Apesar do cenário funesto, é tempo de luta no Brasil e também na Feira de Santana…
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