O velho Chico Pedrosa tem a juventude na palavra e a novidade na ponta da língua. Em plena segunda-feira me veio com o exemplar do seu mais novo trabalho em cordel, ‘O Casamento da Cutia”, em parceria com Alexandre Morais. Na banca de cordel de Jurivaldo Lampião Alves você pode adquirir. Certeza de boas risadas e muita curiosidade.
“Eu sem entender direito/de classes gramaticais/Sei de pouco, quase nada/Do gênero dos animais/Procurei Chico Pedrosa/Que além de ser bom de prosa/Entende mais do que mais”
É sempre uma satisfação encontrar Chico Pedrosa no “ponto” de Jurivaldo no Mercado de Arte Popular. A verve e a memória acesas. Os tamboretes do Map fariam vergonha em outro lugar, mas estamos na Feira onde o pouco é muito e o papo de Pedrosa suplanta qualquer desconforto. Diz verso, lembra episódios, cantadores, poetas, fala em Patativa do Assaré, seu amigo e compadre. Hoje me contou a história da amputação da perna de Patativa e a da chegada dele no Rio de Janeiro e os versos que disse na porta do banheiro da Estação Rodoviária ao ser cobrado para ir mijar…
“Eu disse:Chico, já visse/Casamento de cutia?/ Ele disse: mais de trinta/ Já vi dois num só dia/Inclusive fui padrinho/Dum casal desse bichinho/Lá no sertão da Bahia”
A conversa com Chico é certeza de boas risadas. Seu prodígio não é somente a memória franca e o jeito maroto de contar as histórias e recitar os versos, dele e de outros de sua lavra, mas também da extrema sensibilidade com que conduz a própria vida. É um viajante no tempo e na geografia social principalmente do Nordeste. Conhece o Rio Grande do Norte como um Câmara Cascudo despretensioso, citando poetas e cordelistas amigos que conheceu pelos locais. De Mossoró tinha Luiz Campos no rol dos admirados e admiradores. Gravou de Campos a ‘Carta a Papai Noel’, sextilhas que fizeram muita gente chorar pelo sertão nordestino e capitais.
Eu disse: Chico, na espécie/ Num é de cutia macho/Que se chama o masculino?/Ao menos é o que eu acho/Chico disse: apôs perdeu/ pois se chama de cuteu/ A cutia que tem cacho”
As sextilhas acima são apenas uma amostra. O Cordel tem 8 páginas e 31 estrofes contando como foi esse estranho e complicado casamento.
O Cordel O CASAMENTO DA CUTIA tem capa de Edgley Brito.
Contatos: Alexandre Morais(8599935-4210) / Chico Pedrosa (81-98842-6263)
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