Impressionante o avanço da variante ômicron da Covid-19. Fico sabendo de casos de pessoas infectadas todos os dias. Felizmente, até aqui, não soube de nenhum fato mais grave. Até porque boa parte da população já se vacinou – a aplicação da dose de reforço vem acontecendo de maneira mais tímida – e os sintomas costumam ser mais leves. Mas especialistas alertam o tempo todo sobre os riscos de pressão sobre o sistema da saúde e, sobretudo, sobre os profissionais já extenuados com dois anos de pandemia. Sem mencionar mortes e internações, que seguem acontecendo.
Por um lado, os indicadores relacionados à vacinação são positivos: aqui na Feira de Santana, por exemplo, a primeira dose ou dose única chegou a 530 mil feirenses (85% da população), 454,7 mil completaram o esquema vacinal, – duas doses – o que equivale a 72,8% da população estimada para o município, mas apenas 19,2% – 119,7 mil feirenses – tomaram a dose de reforço, mais efetiva contra a ômicron.
Para o cálculo, utilizaram-se os 624,1 mil habitantes estimados pelo IBGE para a Feira de Santana em 2021. Os números relacionados à vacinação foram extraídos do “vacinômetro” da prefeitura, atualizados até ontem (31).
Com base nessas informações, é indiscutível o avanço da imunização. Só que conter a nova onda exige mais que a vacina – obviamente não se contesta sua eficácia –, conforme explicam especialistas no tema. Máscaras – que estão sendo abandonadas em todo lugar –, uso do álcool em gel e distanciamento social seguem imprescindíveis.
Mas será que apenas estas medidas são suficientes? O feirense – e o brasileiro, de forma geral – vivem o sufoco do transporte superlotado; bares e casas de show fervilham, com seus glutões lançando perdigotos; sarados e saradas aprimoram a forma, sem máscara, em academias. Enfim, tudo funciona sem restrições e os governantes não acenam para medidas mais restritivas, contrariando o que fizeram outros países.
Como 2022 é ano de eleição e os políticos sabem que a população está cansada das restrições impostas pela pandemia, fingem-se de desentendidos. Só vão se mobilizar – caso o façam – se sobrevier uma grande desgraça. Como a ômicron, erroneamente, já firmou a reputação de variante branda, o brasileiro circula tranqüilo, indiferente aos riscos de contaminação, mesmo que a média de mortes já supere, novamente, os 500 casos diários.
Que fazer? Quem tem consciência, tenta se proteger, embora a ampla circulação eleve dramaticamente o risco de infecção, pois a fantasia dos protocolos sanitários seguidos rigidamente não passa – efetivamente – de fantasia. O desabafo de uma trabalhadora, desolada, traduz bem os dias em que a variante ômicron avança:
– A sensação que eu tenho é de salve-se quem puder…
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