Ontem (01) foi dia de reabertura dos trabalhos na Câmara Municipal. O prefeito Colbert Filho (MDB) compareceu, fez o seu discurso, mas o noticiário sinaliza que a tensão entre o Legislativo e o Executivo permanece no ar. É lamentável. A energia que se desperdiça deveria ser canalizada para se discutir, propor soluções e resolver os problemas que afligem os feirenses, sobretudo a significativa parcela da população mais pobre.
A saúde das crianças feirenses, por exemplo, é um tema que pouco se discute. Dados disponíveis no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, indicam que, em 2019, a mortalidade infantil no município alcançava 13,85 crianças por grupo de mil nascidas vivas. É mais do que a média nacional: em 2018, no Brasil, o mesmo indicador registrava 12,4 óbitos.
Nem na região imediata da Feira de Santana o número é muito alentador: entre 33 cidades, a Princesa do Sertão ocupa uma modesta 11ª posição. Na Bahia, escorrega-se bastante na fila: o município é só o 226º entre 417. No Brasil, então, salta-se para uma longínqua 2.174ª colocação entre 5.570 municípios.
Os números referentes às internações por diarréia também não são nada alvissareiros. O indicador aponta 0,1 internação por mil habitantes, mas não é pouco: entre os 33 municípios da região imediata, a Feira de Santana ocupa só a 30ª posição. No estado, o índice é assustador: 382ª colocação entre 417 municípios. No que se refere ao Brasil, então, figura-se só na 4.734ª colocação, entre os 900 piores.
A disponibilidade de esgotamento sanitário adequado impacta sobre a mortalidade infantil e os casos de diarréia. Neste quesito, os números também não são auspiciosos, embora mais favoráveis: 59,7% das residências contavam, em 2010, com o serviço. Estávamos em terceiro na região geográfica imediata, em 65º na Bahia e em 1.824º no Brasil. Mesmo assim, parte da população sofre sem a oferta do saneamento adequado.
Quem são os feirenses afetados pelo flagelo da mortalidade infantil e da diarréia? Onde residem? O que pode ser feito, de maneira focalizada, para mitigar os seus problemas? Eis algumas indagações que renderiam um debate construtivo, capaz de se traduzir em medidas efetivas para enfrentar o problema.
No Legislativo feirense, porém, não se nota grande disposição para discussões do gênero, embora muitos vereadores, reiteradamente, aleguem a “defesa dos interesses do povo de Feira de Santana”, conforme o clichê habitual por lá. Mas isso – dirá o leitor mais pragmático – é coisa para parlamentares de Japão e Finlândia. É verdade. Nesses países, a propósito, a taxa de mortalidade infantil fica em 2 por mil crianças nascidas vivas…
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