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André Pomponet
domingo, 6 de março de 2022 / Publicado em Colunistas

O campo de futebol da feirinha do Sobradinho

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André Pomponet
André Pomponet
Economista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002), mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (2012), exerce o jornalismo desde 1995, quando ingressou no extinto jornal Feira Hoje. Posteriormente, atuou em outros órgãos de comunicação e foi Chefe de Redação da Assessoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Feira de Santana. Atualmente, é colunista do Blog da Feira e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental na Universidade Estadual de Feira de Santana
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Nunca fui craque. No máximo, jogador mediano, com alguns lampejos aqui ou ali. Figuraria na média do batedor de baba, conforme a clássica expressão dos futebolistas baianos. Mas enxergo a importância do esporte na adolescência como atividade física, como instrumento de socialização – conhece-se muita gente jogando futebol – e até como meio de conhecer a vida das ruas. Em contato com ela, amadurece-se. Enfim, futebol de várzea não serve só para revelar novos talentos.

A expansão urbana tragou praticamente todos os campos de futebol de várzea no Sobradinho. Até mesmo o campo clássico da feirinha do Sobradinho deixou de existir: nada construíram sobre o antigo terreno, mas despejaram uma grossa camada de asfalto e, ali, funciona parte da feira-livre aos domingos, barracas de madeira permanecem montadas a semana toda. Há um poste de iluminação na antiga área do campo.

Aquele campo foi palco de aulas de Educação Física – estudava no colégio Coriolano Carvalho, ao lado – e, depois, de incontáveis babas em tardes ensolaradas. Campo miúdo: jogavam, no máximo, quatro na linha, embolando um pouco. O piso duro – numa das laterais, rente ao muro do extinto chafariz, até havia mais areia – dificultava o controle da bola; o suave aclive num canto do lado da escola era desafio adicional.

Naquele tempo o baba era democrático, nada dos meiões, das chuteiras, dos uniformes dos dias atuais: jogava-se descalço – até sem camisa – correndo atrás de ariscas bolas de borracha. Andar descalço era, aliás, uma regra naqueles anos e, bola de couro, raridade. Nas cercanias, em que moravam dezenas de garotos, alguns evoluíram, incorporando-se aos times amadores, mais estruturados.

Esse patamar, porém, exigia chuteiras, algum investimento familiar, o que estava além das possibilidades financeiras da maioria. Alguns, ainda adolescentes, já haviam abandonado a escola. Dedicavam-se, precoce e precariamente, ao mercado de trabalho, como ajudantes em oficinas mecânicas, feirantes, biscateiros, os mais prósperos eram auxiliares em empresas gráficas. Nos momentos de ócio, divertiam-se – adolescentes que eram – naqueles babas que fixariam tantas lembranças.

Às vezes reencontro alguém – tem sido raro – e, em meio à constrangida conversa de quem não se vê há muito tempo, as recordações vêm à tona, os olhos brilham. Gols antológicos – não havia traves, pedras demarcavam a meta –, passes precisos, dribles desconcertantes, tudo ressurge como num filme. Depois vem a despedida e cada um vai cuidar dos afazeres de sua vida de adulto.

Conforme mencionado, o campo já não existe, foi incorporado à área da feira-livre. O chafariz – que merece um texto à parte – também já não existe mais. Mas acredito que o campo, os babas, as interjeições de alegria e cólera, as fugazes vitórias ou derrotas, as grandes jogadas e as terríveis lambanças, tudo permanece vivo na memória de quem viveu aqueles tempos.

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