No final da manhã de hoje (08) saiu o resultado da inflação de março: 1,65%, conforme apurado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, do IBGE. O resultado surpreendeu muitos analistas, que esperavam um número menor. O noticiário ressalta que é o percentual mais elevado desde março de 1994, quando o Plano Real nem tinha sido lançado ainda.
Aqui mesmo, na Feira de Santana, já se tinha um prenúncio da aceleração inflacionária: levantamento realizado por professores e estudantes do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – Dcis, da Uefs, indicava elevação de 4,18% nos 12 itens que compõem a cesta básica, em março. Óleo de soja (20,76%), leite (9,40%) e feijão (9,13%) figuraram entre os principais vilões no intervalo analisado por aqui.
Para além das estatísticas frias, a inflação – alta contínua e disseminada de preços – é uma sensação entranhada pelas ruas da Feira de Santana. Uns poucos minutos de conversa com qualquer desconhecido, necessariamente, trazem o tema à tona. Os conhecidos e a gente mais afoita, por sua vez, abordam o problema logo às primeiras frases.
Qualquer observação desatenta evidencia que as ruas estão mais vazias de carros: são os preços dos combustíveis; Bares e restaurantes são menos frequentados que noutros tempos: mais do que qualquer receio da Covid-19, são os preços mais salgados que afugentam a clientela; Aos mercados, supermercados e feiras-livres vai-se com menor frequência e diminuem-se as compras: o rojão está puxado para o bolso do consumidor.
Como se trata de ano de eleição presidencial, mais à frente, o eleitor vai dispor da oportunidade de julgar a escalada de preços e o nível de atividade econômica – tudo sinaliza para estagnação em 2022 – e, a partir daí, decidir se mantém ou não Jair Bolsonaro, o “mito” e sua extrema-direita no poder.
Matreira, essa extrema-direita tergiversa, tenta fugir dos temas mais palpitantes – derrocada econômica, corrupção, incompetência, desmanche de políticas públicas –, alimentando factoides e fustigando suas matilhas digitais, visando mantê-las engajadas. Não é outra a finalidade das falsas polêmicas, das declarações golpistas, da retórica do medo.
O fato é que, até o fim do ano, a inflação deve manter-se com fôlego – projeções já a situam em cerca de 8% em 2022 – e, quem vem consumindo pouco, deve permanecer no sufoco, à espera de dias melhores. Pandemia, guerra na Ucrânia, choques na oferta de combustíveis, tudo isso é secundário diante da tragédia central do Brasil: o desastroso desgoverno do “mito” e a falta de rumo na economia…
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