A compreensão da biodiversidade é fundamental para que se entenda o funcionamento dos ecossistemas e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos (SE) — o conjunto de bens e sistemas providos pela natureza que impactam a sociedade em ambientes rurais e urbanos. Exemplos de SE são a absorção de CO2 pelas plantas, a
produção de água potável, alimentos e fármacos, a ciclagem de nutrientes, o controle de doenças e pragas, a produção de fibras e madeiras, a formação do solo, a polinização e a dispersão de sementes e diversos produtos químicos, além dos benefícios naturais mais difíceis de mensurar, como a recreação.
Embora os SE não sejam tão perceptíveis pela população, análises em largas escalas e modelagens de sistemas e de cenários evidenciam, de forma inequívoca, sua importância. Em um cenário de mudanças climáticas, no entanto, a estabilidade dos SE depende de medidas de proteção da biodiversidade. O esforço conjunto de diferentes atores públicos e privados, com a participação da sociedade, é necessário para estabelecer e acompanhar medidas de preservação e de restauração da biodiversidade e, consequentemente, dos SE.
A conservação ambiental exige a articulação de equipes com expertise interdisciplinar — e, em muitos casos, transdisciplinar — para as tomadas de decisão. A visão ampliada das relações entre os sistemas socioeconômicos, ecológicos e evolutivos é fundamental para a formulação de ações, como as iniciativas da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).
São muitas as pressões exercidas sobre a biodiversidade, indo de declínios significativos nas populações de muitas espécies — frequentemente como resposta a alterações em suas áreas naturais de ocorrência — a extinções locais. Em alguns ambientes, como os aquáticos, marinhos e continentais, as espécies são afetadas principalmente pela superexploração e pela contaminação por poluentes como resíduos de agrotóxicos, esgotamento sanitário e derramamentos de óleo. Já nos ambientes terrestres, a principal ameaça é o desmatamento, que vem aumentando a cada ano, principalmente na região oeste da Bahia.
Com uma área de 564.692,669 km², o estado ocupa 37,7% da região Nordeste. Em seu território, estão inseridos os biomas da Caatinga (CA), Mata Atlântica (MA) e Cerrado (CE). É um cenário rico, com vegetação e fauna diversificadas e que torna a Bahia um dos estados mais biodiversos do Brasil.
Neste contexto, medidas urgentes de proteção da biodiversidade baiana são necessárias para mitigar impactos negativos ao ambiente e à sociedade. Entre elas estão avaliações sobre a resiliência da biodiversidade às mudanças climáticas, estudos sobre biodiversidade e agricultura, manutenção de Unidades de Conservação e saberes tradicionais, preservação dos ecossistemas aquáticos e, simultaneamente, proposição de ações de monitoramento participativo como estratégia para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade na Bahia, em largas escalas de tempo e espaço.
*Trecho de um artigo acadêmico, com o mesmo título, publicado no site da Academia de Ciências da Bahia( clique aqui)e de autoria dos seguintes pesquisadores:
Alexandre Clistenes de Alcântara Santos, Professor Pleno da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Alexandre Schiavetti, Professor Pleno da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Membro da Academia de Ciências da Bahia(ACB).
Blandina Felipe Viana Professora Titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Deborah Faria Professora Plena da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
Lídia Campos Pesquisadora Independente associada ao Laboratório Flora (UFBA).
Nadia Roque Professora Titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Professor Titular da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Membro da Academia de Ciências
da Bahia (ACB).