No mês de maio, o valor da cesta básica caiu um pouco na Feira de Santana. Apuração do Programa Cesta Básica, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (Dcis) da Uefs, indicou que os 12 itens alimentares custavam R$ 501,48. Houve queda de 5,33% em relação ao mês anterior, segundo o levantamento. O tomate (-28,87%), a banana-prata (-5,71%) e o açúcar (-4,04%) estiveram entre os itens que registraram maior redução. Em abril, custava quase trinta reais a mais: R$ 529,71. Apesar do alívio relativo, garantir comida na mesa implica num desafio considerável para boa parte da população feirense.
Quem é beneficiário do Auxílio Brasil – o antigo Bolsa Família, rebatizado por Jair Bolsonaro, o “mito”, pensando na reeleição – não consegue garantir os 12 itens na dieta familiar: o valor médio do benefício na Feira de Santana não vai além de R$ 401,29. O feirense pobre, coitado, é desprestigiado: comparativamente, os benficiários recebem valores médios maiores em Salvador (R$ 403,51), na própria Bahia (R$ 408,53) e no Brasil (R$ 409,51).
Em texto anterior, mencionamos que os penduricalhos do Auxílio Brasil são pouco efetivos, isso nos casos em que saíram do papel. Até o badalado Auxílio Gás dos Brasileiros, em abril, atendeu só 1.025 famílias na Princesa do Sertão, com valor médio de R$ 51. Somando os dois benefícios, não dá, sequer, para comprar uma cesta básica completa. Imaginem arcar com o botijão de gás – custa mais de R$ 100 aqui na Feira de Santana – para preparar os alimentos.
Para sobreviver, o pobre recorre a todo tipo de serviço: capina, faxina, lava, passa, pinta, encana, desentope, cozinha, arruma, vende, enfim, topa uma infinidade de ocupações miúdas e precárias para garantir um trocado para arcar com a conta de energia elétrica, com o recibo da água e o próprio botijão de gás.
O problema é que a crise econômica – ela está aí, contrariando os alucinados que insistem em enxergar uma vereda de prosperidade à frente – está comprimindo a renda de boa parte da população. Inclusive de quem recorre à mão de obra dos mais pobres, contratando pequenos serviços.
Está mais difícil, portanto, assegurar algum dinheiro extra, o que aumenta a dependência das famílias mais pobres dos repasses dos benefícios sociais. Garantir mais R$ 100 para inteirar o valor da cesta básica e mais R$ 100 para trocar o botijão de gás exige mais tempo. Isso para não mencionar custos consideráveis, como o aluguel, o que é peso adicional para quem não conseguiu – suprema ironia – inclusão nas políticas habitacionais das gestões petistas.
No Brasil liberal na economia, conservador nos costumes, cristão, bélico – mas que, sobretudo, repele o “comunismo” – comer virou luxo para os mais pobres. O pior é que quem não precisa – as estrelas do regime vigente – regala-se com Viagra, remédio para a calvície, prótese peniana, salmão, picanha e bebidas sofisticadas às custas dos cofres públicos…
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