Às vezes dá vontade de ignorar inteiramente os temas políticos. Adotar uma deliberada atitude de alienação. Mas é difícil. Não apenas pelo hábito, consolidado desde a adolescência, de acompanhar o noticiário político, mas sobretudo por conta dos horrores recentes, que se sucedem, intermináveis. O último deles – o assassinato do dirigente petista Marcelo Arruda durante a própria festa de aniversário, no interior do Paraná, por um fanático bolsonarista – mostra, novamente, que o Brasil flerta com uma guerra civil no curto prazo.
Não é de hoje que se nota, por aí, lunáticos de extrema-direita dispostos a tudo. Inclusive a promover um banho de sangue, em nome sabe Deus do quê. Não, talvez o diabo é que saiba, embora a maioria dos fanáticos alardeie que é cristã, conservadora, movida pela fé. Exatamente como o assassino que entrou em ação no Paraná, começando a escalada de violência que marcará as eleições presidenciais.
Pesquisas indicam que muitos jovens gostariam de ir embora do Brasil para tentar a vida noutro lugar. Não é à toa: o que é que este País tem para oferecer à sua juventude e – mais – à sua população? Nos últimos anos, em larga escala, só a morte na forma de fome, desemprego, desigualdade, desmonte de políticas sociais, violência, fanatismo religioso e por aí vai. Somado a isso, há o ódio político que se dissemina, contaminando tudo.
A desolação que toma conta dos mais jovens também contamina os mais velhos, sobretudo aqueles que tem consciência do que o Brasil vem vivendo. Caso prossiga a espiral do horror – é só reeleger Jair Bolsonaro, o “mito”, para ampliar a catástrofe – pensar no futuro vai se tornar desnecessário. O caos será vivido diariamente, com o País em franca decomposição.
Preferiria me dedicar a temas mais amenos. Mas reagir ao horror é indispensável, até mesmo um imperativo ético. Principalmente porque o ar no Brasil está se tornando irrespirável para quem não é adepto da seita bolsonarista pagã. O que conforta é saber que a maioria da população não comunga desta fé sacrílega. Mas isso tem que se traduzir em resultado nas eleições presidenciais, caso estas aconteçam, é bom ressaltar.
O fato é que a energia da morte começa a tensionar o ambiente eleitoral. Isso não é novidade: em 2018 foi assim, os acólitos mais fanatizados do “mito”, pelas ruas, recorriam até à intimidação física. Tudo indica que o horror vai se repetir para prejuízo do Brasil que eles, farisaicamente, apelidam de pátria amada…
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