O inquérito é um dos poucos onde familiares da vítima contestam as frequentes “trocas-de-tiros” com que a Polícia justifica os alvejados e mortos “em confronto”. A apuração da Polícia sobre o envolvimento dos policiais militares já mudou de delegado e de promotor e já foi e voltou para o Ministério Público algumas vezes. Na última, tornou-se “segredo de justiça”. Permanece, portanto, inconcluso, e ainda distante da Justiça, em poder da Polícia, o inquérito policial que apura a morte de Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha. 18 anos, morto a tiros em 1º de abril durante uma operação policial na avenida Presidente Dutra, no centro de Feira de Santana.
Jovem empreendedor, Marcelo já estava trabalhando no comércio de celulares com uma empresa própria, a Felipe Celulares, uma loja virtual que abriu no Instagram e já tinha cerca de 18 mil seguidores e potenciais clientes. No dia em que foi morto a tiros ele ia visitar a avó, quando quando avistou uma blitz da PM próxima à loja de flores Ikebana na avenida Maria Quitéria. Ele não tinha Carteira de Habilitação. Mas também não tinha armas, não tinha antecedentes criminais e não tem o menor fundamento a “troca-de-tiros” é o que argumentam os familiares no complicado inquérito que a Polícia não consegue concluir.
Os policiais sustentam a versão de que Marcelinho atirou contra a corporação, mas não há sequer fotos de arma no inquérito enviado ao Ministério Público. Somente este mês de julho em Feira de Santana as alegadas “trocas-de-tiros” já fizeram mais de uma dúzia de vítimas, geralmente jovens com menos de 25 anos.