Com experiência de setenta anos de participação política, como fiscal partidário, analista de pesquisas, assessoria a candidatos e apostador (não mais), resolvi palpitar a situação atual.
Campanha presidencial.
Estratégia de Lula: buscar ganhar no primeiro turno. Seria uma vitória acachapante, inviabilizando qualquer aventura golpista.Para isto tenta fazer o máximo de composições, algumas difíceis: diferenças regionais, posições ideológicas radicais, briga de compadres contra compadres de gerações passadas etc. Mas esta é uma das qualidades políticas de Lula, que tem conseguido acordos que pareciam impossíveis;
Estratégia de Bolsonaro: Usar a máquina governamental sem limites, fazendo pedaladas confessas por seu ministro da Economia, Guedes, na tentativa de reverter a situação detectada nas pesquisas;
Ciro Gomes: A única chance dele é ganhar para Bolsonaro, indo para o segundo turno contra Lula, neste caso pegando todos os eleitores contra Lula. Este é o motivo dele bater mais em Lula que em Bolsonaro. Muito difícil haver uma terceira via, mesmo porque com o andar da carruagem, grande arma de Ciro seria os debates, onde ele levaria uma grande vantagem. Não acredito que Lula e Bolsonaro compareçam a debates no primeiro turno, não teriam nada a ganhar. Mas se por acaso houver uma terceira via possível, será com Ciro;
Simone Tebet, esperou-se a união de vários partidos, o que não houve, mesmo os que apoiaram estão muito fracionados. Até o partido dela está dividido;
No caso de Ciro e Tebet, a tendência é de debandada, com o voto útil;Os outros candidatos à presidência, objetivam fortalecimento dos partidos usando o tempo da televisão em prol das candidaturas à câmaras, senado e governadores;
O único comentário a fazer sobre a eleição na Bahia é o caso das composições políticas.
Antes de tudo, estabeleceremos que neste ramo não existe traições, tudo é mimimi, quando o político não agrega, não vai para canto nenhum. Até por lógica, precisa de mais da metade dos votos em uma competição, presume-se que não se consegue os mesmos ideais e caminhos uníssonos. Vale para o mundo todo com exceção das ditaduras.
Caso da Situação no Governo da Bahia: Não houve renovação, os líderes envelheceram. Wagner candidato estabelecido, pelo menos há dois anos, desistiu. Por que? Existe pelo menos cinco versões, para um político não querer ser candidato com imensas possibilidades de ganhar
Oto Alencar o mesmo arrazoado, sendo mais fácil aceitar a versão corriqueira, reeleição mais viável, oito anos tranquilos, aposentadoria com 83 anos…Candidato a Governador, alvo do bombardeio, principalmente pela sua atuação na CPI da covid.
João Leão vítima da falta de espaço de onde estava, achou melhor migrar para outras paragens, lugar garantido no topo. Mesmo assim não arriscou a Senatória, colocou o filho, se ele perder é jovem;
A oposição estadual: Pragmática ao extremo, manejou a situação como mestre, também nada a estranhar, teve as melhores escolas política do país.
Não vou tecer comentários ao que a mídia já pisou e repisou, em uma avalanche de disse e não disse, e os silêncios mais esclarecedores. Mas na minha visão existe um ponto pouco debatido: O momento da divulgação da chapa.
Durante um bom tempo se falou da composição de frente eleitoral da oposição. Certo era o cabeça do triunvirato ACM Neto – no passado não era certo, tanto que vaticinei a possibilidade de ele desistir de ser candidato a governador, abrindo mão para José Ronaldo (publicação no jornal “Feira Noite e Dia”). Depois também ficou claro o candidato ao senado João Leão Filho. O pai João Felipe de Souza Leão, o chefe político do clã, inicialmente o candidato ao senado, desistiu alegando idade e saúde precária, DONO DA CANDIDATURA colocou o filho. Sobrou a vice governança.
Na última semana o primeiro dos três candidatos a candidato, Marcelo Nilo foi defenestrado, tinha sido várias vezes presidente da Assembleia Legislativa apoiado pelo PT, fez acordo com a oposição e mudou de barco. Estava certo de ser o escolhido para disputar uma cadeira no Senado, mas aí caiu na realidade. E a mídia local foi as nuvens, tiraram o obstáculo de Zé Ronaldo, estava escolhido vice governador o feirense José Ronaldo. Alguns lembraram que tinha outra candidata, que nada… é só para constar, estava cravada a trindade com o tetra ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho para vice-governador, véspera do encerramento. Aí é que a porca torce o rabo, a mídia tinha meia razão, quando disse que já estavam escolhido os candidatos.
Na minha opinião estavam escolhidos há muito tempo, faltava colocar dois importantes políticos, Zé e Nilo, na chincha[1] como dizem os nossos vaqueiros quando imobilizam os bovinos.
José Ronaldo, avalio um dos maiores políticos da região, teve uma pequena fraqueza do bom político e jogador de pôquer, não assimilou o tombo no momento. Mas recuperou rápido, nada como uma noite de insônia, para ressuscitar a frieza do bom político. O vitimado sempre tem compensação.
Evandro Oliveira é educador. O texto acima foi extraído do blog do Colégio Santanópolis