As sextilhas e as estrofes em sete linha, abaixo, transcreveram-se por conta da memória prodigiosa do genial poeta e compositor José Marcolino:
O meu nome é Zé Limeira
De Lima, Limão, Limansa,
As estradas de São Bento,
Bezerro de vaca mansa…
Vala-me Nossa Senhora,
Ai que eu me lembrei agora:
Tão bombardeando a França
Ninguém faça pontar
Onde o chumbo não arcança,
E vou comprá quatro livro
Pra estudá leiturança…
Bem que meu pai me dizia:
Jesus, José e Maria,
São João das orelha mansa.
Ainda não tinha visto
Beleza que nem a sua,
De cipó se faz balaio,
A beleza continua
Sete-Estrelo, Três Marias,
Mãe do Mato, Pai da Lua.
A beleza continua
De cipó se faz balaio
Padre-Nosso, Ave-Maria,
Me pegue senão eu caio
Tá desgraçado o vivente,
Que não reza o mês de maio.
Sei quando Jesus nasceu,
Num dia de quinta-feira,
Eu fui uma testemunha,
Sentado na cabeceira…
São José chegou com um facho
De miolo de aroeira.
Um dia o Reis Salamão
Dormiu de noite e de dia,
Convidou Napoleão
Prá cantar pilogamia,
Viva a Princesa Isabé
No tempo da Monarquia.
Zé Limeira quando canta
Estremece o Cariri
As estrela trinca os dentes,
Leão chupa abacaxi,
Com trinta dias depois
Estora a guerra civi.
O pequeno texto e os versos acima foram transcritos do livro “Zé Limeira, poeta do absurdo”, de Orlando Tejo (2ª edição,1973) – foto