Pesquisa eleitoral sempre causou polêmica no Brasil. Na Bahia, então, desde a eleição de Jaques Wagner (PT) em 2006, no primeiro turno, – as pesquisas indicavam reeleição do governador Paulo Souto no primeiro turno – o assunto acirra os ânimos, provoca acalorados debates. Não falta quem só atribua credibilidade às pesquisas que favorecem seus candidatos favoritos, outros – mais radicais – desdenham de quaisquer levantamentos e por aí vai.
Na sexta-feira (26), o Ipec – instituto que reúne antigos executivos do Ibope – divulgou um levantamento sobre as eleições baianas. Nele, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), crava 56% das intenções de voto; Jerônimo Rodrigues (PT), ex-secretário da Educação e candidato governista, alcança 13%; Já João Roma (PL) – ex-ministro de Jair Bolsonaro, o “mito” -, está com 7%.
Curioso, fui consultar pesquisas anteriores, do Ibope, de 2006 e 2014, quando o petê prevaleceu depois de largar em desvantagem, conforme levantamentos da época. Em 2014, por exemplo, Paulo Souto (DEM) liderava com folga (44%), contra Rui Costa (PT) e Lídice da Mata (PSB) que cravavam, respectivamente, 15% e 9%. A data do levantamento foi quase a mesma (27/08) e os números, como se vê, são até semelhantes, embora os candidatos sejam diferentes.
Na semana seguinte, em 10/09, nova pesquisa do mesmo Ibope apontava que Paulo Souto subira um pouco (46%), Rui Costa ganhara fôlego (24%) e Lídice da Mata encolhera (6%). Não localizei os números exatos das pesquisas Ibope de 2006, mas descobri que, no fim de agosto, Jaques Wagner não ia além dos 13%. Em 26 de setembro, a dianteira de Paulo Souto ainda era expressiva: 48% a 31% . Na eleição, veio a virada. O levantamento foi do Ibope.
Imagino que semana que vem novas pesquisas sejam divulgadas, inclusive do Ipec. Como estarão as intenções de voto? Caso Jerônimo Rodrigues ganhe fôlego, repetindo Rui Costa em 2014, os petistas se animarão, revigorando a crença numa nova virada, como ocorreu em 2006 e 2014. Se não, as contestações se amplificarão. Efeito inverso se observará entre os simpatizantes da candidatura de ACM Neto, líder isolado até aqui.
É bom ressaltar que 2022 não é 2006 ou 2014, ACM Neto não é Paulo Souto e Jerônimo Rodrigues não é Rui Costa ou Jaques Wagner. Cada eleição tem sua história, toda própria. Mas que a curiosa coincidência nas pesquisas alimentará polêmicas e o folclore das eleições baianas, disso é bom não duvidar…
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