“A Salles Barbosa, a antiga Rua do Meio, dialoga com a literatura, a cultura e as artes. Este é um local especialmente histórico por sustentar-se entre duas ruas, a Senhor dos Passos e a Conselheiro Franco. A rua Salles Barbosa, em meio à poesia, retrata o cotidiano oitocentista da cidade comercial. O evento foi idealizado para homenagear o poeta Sales Barbosa, a Rua do Meio e o romantismo – escola literária na qual o poeta está inserido“, explica a intelectual feirense professora Cíntia Portugal, organizadora do Primeiro Festival da Rua do Meio que foi aberto ontem em Feira de Santana, com um grupo de mulheres com trajes que remetiam ao romantismo: saias compridas, botinas e um leque em mãos, desfilando no Calçadão da Salles Barbosa em meio ao vai e vem de pessoas.
As atividades culturais acontecem das imediações do Mercado de Arte Popular (MAP) até a Praça Eduardo Fróes da Motta, das 9h às 12h; 14h às 17h, e das 18h às 21h30 até sábado, 24. Como parte da programação de ontem, alunos da Escola Municipal Padre Giovanni Ciresola, localizada na Cidade Nova, do 1º e 2º ano, levaram para o palco do Mercado de Arte Popular (MAP) a poesia “As Borboletas”, de Vinicius de Moraes. A diretora da unidade, irmã Solange Leite Silva considerou que a participação dos estudantes no evento é “desenvolver o senso da arte, o amor à cultura e o olhar ao belo em uma sociedade que nem tudo é positivo”. Também estão previstas rodas de conversas, exposições de telas, livros e esculturas de Sales Barbosa, visita guiada, apresentação musical, recital de poesias e contação de história.
QUEM FOI SALLES BARBOSA – Todos os feirenses conhecem a rua Sales Barbosa, mas pouquíssimos sabem quem foi Francisco Salles Barbosa, o poeta romântico que empresta seu nome a uma das vias principais do centro comercial de Feira de Santana. Nascido em 1862, foi um dos principais protagonistas do romantismo e do abolicionismo em Feira de Santana. O poeta feirense estudou Direito em Recife, onde participou do Clube do Cupim, e foi representante desse movimento abolicionista em Feira de Santana, juntamente com Padre Ovídio Alves Boaventura, Dr. Remédios Monteiro e Filinto Bastos. O grupo se reunia no Teatro Santana, nas filarmônicas Vitória e 25 de Março e na Capela dos Remédios, onde angariavam fundos para comprar cartas de alforria e libertar escravos. Salles Barbosa morreu aos 26 anos, em 1888, justamente no ano da Abolição da Escravatura. Em Feira de Santana, a vida e a obra do poeta tem sido objeto de estudos da professora Cíntia Portugal.