Espalhado por bloqueios rodovias Brasil afora, um magote de lunáticos bolsonaristas tenta espalhar o caos para insuflar um delirante golpe de estado. Tudo indica, porém, que a manobra – mais uma! – está fadada ao fracasso. Talvez por isto o veterano bolsonarista que encontrei no centro da Feira de Santana esteja alquebrado, desanimado, murcho. O olhar comprido e as feições pesarosas denunciam o impacto da derrota de Jair Bolsonaro, o “mito”, para Lula (PT), no domingo.
-Vocês só fazem falar mal do governo! – Acusou.
Pensei em argumentar que não existem razões para elogiar o desgoverno do “mito”. Também ponderei – comigo mesmo – que relativizar o horror que a extrema-direita encarna não é didático, nem construtivo, menos ainda saudável para quem não almeja a barbárie, a dissolução da sociedade. Então desisti, desalentado, de entabular debate. Diálogo não é o forte da extrema-direita. Enveredei por outro caminho:
-Sei que, em três anos, jamais fiz qualquer elogio ao governo de Jair Bolsonaro. Mas dou o braço a torcer, reconheço que uma coisa ele fez que merece elogio!
O homem, irascível, cruzou os braços, esperando. Olhou de esguelha, provavelmente antecipando o que viria. Não o decepcionei:
-A maior realização do governo foi o título da Copa América para a Argentina, ano passado. Se não fosse Bolsonaro, Messi, até hoje, não teria nenhum título com a camisa da Seleção Argentina!
Aí aproveitei para refrescar a memória do inarredável patriota: a própria Argentina e a Colômbia refugaram a organização do torneio, por conta da pandemia da Covid-19. Tudo indicava que a competição ia ser cancelada. Mas, intrépido, o Brasil do “mito” puxou para si a disputa, pensando em faturar politicamente. Deu Argentina na final, contra a Seleção Brasileira.
-Seria injusto Messi jamais conquistar um título com a camisa celeste! Não fosse Bolsonaro, essa injustiça não seria corrigida!
Ironias à parte, fui sincero: maior astro do futebol mundial nas últimas décadas, Messi, até então, não levantara nenhuma taça com a camiseta da Seleção Argentina. Pois o “mito” tratou de corrigir a injustiça, assegurando a competição, que resultou no título – em território brasileiro – para o maior ídolo do futebol mundial. Seria comovente, não fossem os riscos de disseminar ainda mais a Covid-19 pelo Brasil.
Nos próximos dias começa a Copa do Mundo. Pelo que se comenta, a Argentina está cotada para conquistar a taça, a equipe engrenou uma respeitável invencibilidade nos últimos anos. Sem o peso do primeiro título – garantido no Brasil – talvez Messi voe, arrebatando para a América do Sul mais um Mundial. Mas isso é especulação, papo de mesa de bar.
O fato é que até o “mito” tem um feito particular para chamar de seu…
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