Esta semana o vereador Jurandyr Carvalho fez uma fala sobre xixi das mulheres e de imediato, os haters começaram a zoar e tirar de contexto o principal assunto que sua fala infeliz escondeu. A Bacia Hidrográfica do Rio Jacuípe, maior e mais importante sub-bacia do rio Paraguaçu, está localizada na porção centro-leste do território do estado da Bahia, inserida quase que na sua totalidade no clima semiárido, segundo Marcos Oliveira. O rio nasce em Morro do Chapéu e percorre 338 quilômetros até chega na Barragem de Pedra do Cavalo.
Fonte de sustento para os pescadores que vivem em seu entorno, o rio tem devolvido cada vez menos, a fonte dos alimentos para quem dele sobrevivia. Ainda lembro da pesca do camarão, da traíra que ainda hoje encontramos em restaurantes a sua beira, ofertando a guloseima sem espinhas, mas uma simples pergunta que fazemos aos donos dos estabelecimentos, temos a resposta que o peixe não vem do rio, mas de outras cidades, o Rio Jacuípe está agonizando.
Eu já conversei várias vezes com o vereador e em que pese discordarmos da gestão do Fluminense de Feira e de outros assuntos políticos e ideológicos, temos acordo num projeto maior de aproveitamento das potencialidades do rio. Incrível como em diversas cidades com águas fluviais de menor vazão, conseguem implantar um aproveitamento econômico e financeiro de seus mananciais. Entretanto tudo passa pela destinação final de colocação dos esgotos no leito do Velho Jacuípe. Essa poluição danifica e ameaça de morte seu curso calmo e sereno. Entrecortado entre as Barragens de Joao Durval e Pedra do Cavalo, se permite uma navegabilidade propícia a esportes náuticos tais como canoagem e velas. Os restaurantes poderiam conviver com hotéis a beira do rio. Mas aí voce vai pesquisar e descobre que existe um jogo de empurra empurra da Embasa para prefeitura e vice versa, e o velho Jacuípe está sofrendo quando poderia estar feliz e levando felicidade de garantia de sobrevivência a centenas de familias.
Não existe uma educação ambiental, nem placas sinalizadoras de impropriedade para banho existem. Alguem sabe de alguma escola que levou os alunos a conhecer o rio de forma contínua? Eu sei de um caso ou outro, mas voltado a inciativa de alguma professora, mas política pública de aproveitamento do rio, ah isto não existe na prática.
No dia 24 de novembro se comemora o Dia Nacional do Rio, e aqui pouco temos a comemorar. Se a fala do vereador foi infeliz, existem milhares de falas infelizes de outros agentes públicos, um chegou a dizer que a lavagem dos pratos sujos dos restaurantes, ali ainda resistindo, contribuem em demasia, para poluição do rio.
Nascem ou passam por Feira de Santana os rios Pojuca, Subaé, Jacuípe – maior de todos – Aguilhadas, no distrito de Ipuaçu, Cavaco – cuja nascente está em Anguera, mais o do Peixe e Tocós, ambos no distrito de Jaguara. Todos eles compõem as bacias hidrográficas do Paraguaçu e do Recôncavo Norte. Uma conversa com os moradores mais antigos vai se descobrir que esta cidade que se chamou Santana dos Olhos D’agua tinha tudo para ser uma das mais belas do país, entretanto estamos matando nossas nascentes, privatizando as águas as represando em condomínios de luxo deixando as águas de fora poluída e envenenada. Um passeio de drone consegue mostrar essa agressão.
Voltando ao Jacuípe e seu sofrimento com a contaminação do esgoto doméstico atirado impiedosamente no seu leito, fez ao logo das décadas desaparecer diversas espécies e crustáceos e proliferando a existência de baronesas, planta aquática que cresce com a poluição.
A limpeza de suas águas se permitiria incentivar a implantação de unidades produtivas de criação e filetagem de peixes, imagina uma cadeia produtiva onde se cria o peixe, faz a filetagem, resfriamento e embalagem e venda dos produtos. A produção de alimentos como hortaliças e frutas poderia dar outra vida as margens desérticas através da irrigação.
Uma coisa é certa, dia de 24 de novembro, não se tem alegria em comemorar o dia do Rio. Aqui é somente sofrimento e dor.
Foto;Arquivo BF