O principal tema – quase único! – em muitas rodas de conversa ontem (09) na Feira de Santana foi a tentativa de golpe da extrema-direita, domingo, em Brasília. O golpe deu chabu, mas os terroristas deixaram um inédito rastro de destruição nas sedes dos três poderes: o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal. O cenário caótico foi objeto de comentários pelo centro da cidade, muita gente repele o inconformismo criminoso dos acólitos de Jair Bolsonaro – o “mito” fujão – com o resultado das eleições.
O feirense médio – que majoritariamente votou em Lula (PT), o vencedor das eleições – deseja que o País entre nos eixos, que a extrema-direita retorne às suas sarjetas ideológicas e pare de sabotar a retomada democrática. Retomar a normalidade, a propósito, implica em fortalecer a atividade econômica, ainda mais depauperada depois de quatro anos de desgoverno do “mito”.
Há, Brasil afora, dezenas de milhões de brasileiros expostos à fome; a pobreza e a extrema pobreza cresceram em função dos inúmeros equívocos na condução da economia; políticas sociais foram desmanteladas, dificultando – até impedindo – o acesso dos mais pobres a serviços públicos de saúde, assistência social, permanência estudantil e por aí vai.
É urgente resgatar o Brasil dessa situação dantesca, surreal. Para isso é que o “mito” foi derrotado nas eleições presidenciais. A extrema-direita, porém, recusa-se a aceitar o veredicto das urnas, mantendo, inicialmente, lunáticos acampados à frente de quarteis; e, por fim, tentando o golpe fracassado no domingo. Enquanto os terroristas não forem contidos, o governo Lula corre o risco de patinar, desperdiçando energia, sem avançar na solução dos urgentes problemas do País.
A favor há a expectativa do brasileiro médio de voltar à normalidade para trabalhar, gerar riqueza, ganhar dinheiro e resgatar o relativo conforto que já foi possível no passado nem tão recente. Afinal, desde meados de 2014 o País mergulhou numa incessante espiral de crises – econômica, mas, sobretudo, política – que mantém a atividade econômica estagnada e impõe desemprego, trabalho precário e escassez de oportunidades que se desdobram naquilo que foi mencionado acima: fome, pobreza e serviços públicos precários.
Obviamente, é necessário identificar e punir os terroristas – sobretudo seus financiadores –, mas não se pode perder a perspectiva da retomada econômica. É necessário tocar o governo adiante. Caso caia na armadilha golpista, enredando-se no caos e paralisando-se, tudo vai se perder. Mas Lula é político experiente e – imagino – não vai morder a isca.
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