Fotografei essa na Artêmia Pires. As frases de caminhão são famosas no Brasil e guardam pérolas da nossa cultura popular. Nome dos filhos, da patroa, declaração de amor diversas ao ofício, ditados populares e mais milhares de kms de tinta!
Essa me deu um nó pela sua polissemia. Minha primeira leitura é que se trata de um tangenciamento à pedofilia com traço machista: “Pego uma bem novinha e vou botando do meu jeito”. Depois me acalmei e dei mais uma chance, in dubio pro reo, pode aludir à necessidade de educar desde cedo as meninas, não estou confiando muito nessa. Terceira tentativa, “fazer uma menina”, conceber uma filha seria mais fácil.
Não fechei meu diagnóstico de interpretação, o fato é que não gostei da frase nem dos seus sentidos possíveis. Preferia ter visto as habituais dos irmãos caminhoneiros, “Foi Deus quem me deu”, ” Não “mim” inveje, trabalhe”, “Moro nas estradas, passeio em casa”, “Katley, Keyte e Kevyn papai te ama”, “Casado com a BR”, “Tem um corno atrás de mim”! E aí gente, quem dá mais?
Alana Freitas é escritora, professora na UEFS
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