A mulher de turbante foi fotografada por Alberto Henschel, no Rio de Janeiro, em 1870. A imagem não pode ser de Maria Felipa, baiana da Ilha de Itaparica cujos atos de heroísmo, liderança, bravura, perspicácia e estratégia incomuns são atribuídos durante a guerra pela independência brasileira em 1823.
Em 2021 alertei esse erro bizarro quando me deparei com uma publicidade veiculada em um dos jornais de Salvador homenageando a passagem do Dois de Julho. E lá estava a identificação errada. Remetia a “mulher de turbante” captada por Henschel (e nunca identificada) à Maria Felipa.
Em 2023, em pleno bicentenário, entre outras bizarrias (até o Garcia D’Ávila foi citado em um programa especial para TV), o erro grotesco de confundir a personagem anônima da foto de Henschel com Felipa, persiste.
O erro chega a ser grosseiro porque 47 anos separam os fatos de 1823 da fotografia de 1870. Maria ainda estava viva, mas deveria ter entre 70 a 80 anos quando a foto foi tirada. É elementar. Basta bom senso e uma simples conta.
A Maria Felipa, a quem se decanta os feitos da guerra pela independência, morreu em 4 de julho de 1873.
A foto da “Mulher de Turbante”, como é identificada, faz parte do acervo da Biblioteca Nacional.
Antonio Pastori é jornalista, diretor da empresa Casa de Verso em Salvador.