Numa manhã ensolarada encontrei Messi, Mbappé e Neymar proseando, tranquilos, no cruzamento das ruas Sales Barbosa e Capitão França, no coração comercial da Feira de Santana. Obviamente, não se tratava dos astros do futebol mundial, mas de três anônimos feirenses que labutavam pelas cercanias.
Messi, barrigudo, circulava ostentando a inconfundível camiseta do Barcelona. Na mão, uma espécie de painel que exibia capas coloridas para celulares. Mbappé, lento, estava visivelmente fora de forma em sua camiseta surrada do PSG. Era o mais risonho, o mais despreocupado.
Neymar, coitado, mancava e esforçava-se para empurrar um carrinho-de-mão abarrotado de verduras. A luz do sol banhava o azul da sua camiseta do PSG. Foi o primeiro a se afastar, desfazendo aquela coincidência – que pena não conseguir fazer uma foto! – aparentemente incrível.
Sim, apenas aparentemente. Circular pelas ruas feirenses permite uma lição sobre a globalização do futebol. Como há camisetas de equipes europeias: Real Madrid, Barcelona, PSG, Manchester United, até do alemão Bayern, até do Boca Juniors e do River Plate, nossos vizinhos – e rivais – argentinos.
A diversidade também alcança as seleções. Foi-se o tempo do monopólio da camiseta canarinho da Seleção Brasileira. Argentina e França são corriqueiras, se vê em cada esquina; mas não faltam fãs da Alemanha, da Colômbia, da Inglaterra, até da Jamaica e da Croácia. Os mais politizados atacam com a camiseta da extinta União Soviética, da finada Alemanha Oriental.
Antigamente ninguém usava essas camisetas. Notícias sobre o futebol europeu eram escassas, havia raríssimas transmissões dos campeonatos nacionais. Hoje tornou-se a regra e o feirense médio virou, em grande medida, um torcedor internacional, apaixonado por equipes de países distantes.
É essa globalização do futebol que permitiu o pitoresco encontro na esquina da Sales Barbosa. Messi, Mbappé e Neymar – quem diria! – três dos principais astros do futebol mundial aqui na Feira de Santana. Hoje, quando passo pelas barracas dos camelôs e vejo tremularem as camisetas falsificadas dos esquadrões europeus, recordo o episódio e ainda acho muito engraçado.
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