Ao contrário da Feira de Santana, o cenário eleitoral em Salvador está praticamente definido. O prefeito Bruno Reis (União), é pré-candidato à reeleição e larga com inegável favoritismo. Depois de muita delonga, a oposição decidiu que o vice-governador, Geraldo Júnior (MDB), será o candidato do grupo capitaneado pelo PT. Correndo por fora há o PSOL, com Kléber Rosa, que aposta no voto da esquerda insatisfeita com a indicação do vice-governador.
Em entrevista a uma emissora de rádio da capital, o presidente Lula (PT) não garantiu que vá fazer campanha ostensiva para Geraldo Júnior. A razão é bem objetiva: o partido do prefeito Bruno Reis, o União Brasil, conta com três ministérios. Para não desarrumar sua base e manter sua complexa governabilidade, Lula não vai meter a mão na cumbuca soteropolitana.
E na Feira de Santana? O deputado federal Zé Neto (PT) é o pré-candidato da base petista e já investe na ideia de que, caso seja eleito prefeito, vai governar em parceria com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e, obviamente, com o próprio Lula. A estratégia não é novidade e foi utilizada em eleições anteriores.
Tudo indica que seu principal adversário será o ex-prefeito José Ronaldo (União). Publicamente, este não se declarou pré-candidato ainda. Mas percorre o município com agenda cheia desde o ano passado. Caso prevaleça nas urnas, José Ronaldo chegará ao Paço Municipal pela quinta vez.
O cenário para ele, porém, é mais adverso do que já foi no passado. No seu grupo político há, pelo menos, uma pré-candidatura anunciada até aqui, a do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB). Há quem aposte que o parlamentar vai recuar, mas, por enquanto, ele garante que disputará o pleito e mantém agenda intensa pelo município.
Inesperada – até certo ponto – é a pré-candidatura do deputado federal Capitão Alden (PL). De olho em 2026, o PL pretende manter-se em evidência em boa parte dos municípios brasileiros, lançando candidatos a prefeito. É o caso da Feira de Santana. A iniciativa compõe a estratégia do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.
Caso sejam mantidas, essas candidaturas podem captar votos de José Ronaldo e provocar, novamente, um segundo turno, como ocorreu em 2020. Note-se que, nas quatro eleições que venceu, o ex-prefeito liquidou a fatura logo no primeiro turno. Em tese, mais candidaturas à direita favorecem o deputado federal Zé Neto.
José Ronaldo, porém, tem alguns trunfos. Um deles é a própria participação de seu partido no governo Lula. Se a regra do distanciamento de Lula vale para Bruno Reis, não valeria também para ele? Outra é que grudar nele o rótulo de bolsonarista não faz muito sentido já que, até agora, o PL tem candidatura própria no município, o Capitão Alden.
Enfim, o jogo está só no começo. Aliás, começou de maneira até precoce, porque as conversas que já estão ocorrendo costumam se intensificar só depois do Carnaval. Em parte, isso se deve ao clima de eleição permanente no qual o país mergulhou.
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