E o que estava seco, ressequido, tórrido, ganhou inesperados tons verdes há alguns dias já. Tudo por conta da chuva que caiu em grandes volumes aqui na Feira de Santana e região. Lagoas e reservatórios de água encheram-se, afastando um pouco o drama da seca que assolava o sertanejo.
Tem-se, agora, a chamada “seca verde”: não há pastagem para animais ou lavouras, mas tudo se coloriu de verde, porque até as garoas tem o condão de revigorar a vegetação sertaneja. Quem é de fora admira-se, duvidoso da estiagem, que não apresenta aquele clássico aspecto de desolação.
As chuvas recentes, porém, já animam os sertanejos. Afinal, os reservatórios se encheram com as impressionantes precipitações de dias atrás. Vira e mexe, segue caindo água, mesmo sem aqueles volumes caudalosos, que inclusive produziram estragos.
A animação do sertanejo é subjetiva, impregnada de uma fé calcada na sabedoria. Trovoadas agora são auspiciosas de inverno bom, chuvoso, farto. Sempre foi assim e a crença permanece, mesmo com os desarranjos decorrentes das mudanças climáticas.
Atravessaram-se meses de temperaturas elevadíssimas. Mas agora há mais umidade e até menos calor, mesmo sendo verão. Será o fim do famigerado El Niño se antecipando? É uma pergunta boa para ser feita aos especialistas.
O fato é que quem é da roça está mais animado. Vê-se diante da perspectiva – mais uma vez! – de findar mais uma severa estiagem. Estas não têm sido poucas e tem sido intensas.
As expectativas, por aqui, se voltam para as chuvas que, nesta porção fronteiriça com o Recôncavo, costumam cair a partir de abril e culminam com o inverno mais à frente. Em 19 de março celebra-se São José. A data é um marco climático nos sertões e, se as chuvas continuarem, rogos e preces nem precisarão ser tão intensos este ano.
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