Depois de muito vaivém, a realização da Micareta da Feira de Santana foi confirmada. É lógico que o município atravessou um momento delicado em função das trovoadas que caíram no começo do ano. Daí as marchas e contramarchas que antecederam a confirmação. Mas a Micareta é muito importante para a Princesa do Sertão. Cancelá-la só em caso de incontornável gravidade.
É bom lembrar que a pandemia da Covid-19 impediu a realização da festa por três anos seguidos. Em 2020 até houve Carnaval, em fevereiro, mas a disseminação veloz da doença causou o correto cancelamento da Micareta em abril daquele ano. Nos dois anos posteriores a pandemia seguia fazendo vítimas e não fazia sentido retomar a folia.
Mas, em 2023, depois de quatro anos, o feirense pôde se esbaldar no circuito da Presidente Dutra numa festa que foi amplamente elogiada. Adiá-la novamente seria ruim para o folião. Para a economia feirense, que tem na festa um dos seus momentos de maior dinamismo, seria desastroso. Afinal, os quatro dias de folia – já foram cinco no passado! – movimentam muito a economia local.
Hoteis, bares e restaurantes costumam faturar bem no período. Nem é preciso lembrar que esses segmentos geram milhares de oportunidades de trabalho e costumam reforçar suas equipes na época. O setor de eventos também se movimenta, pois realiza festas, feijoadas, shows e oferece camarotes nos dias de folia.
Profissionais da música também são beneficiados – embora boa parte das atrações venha de fora – numa época de refluxo entre o Carnaval e as festas juninas. Há, também, mais movimento nos segmentos de calçados e vestuário, afinal a turma quer curtir a folia com roupa e calçado novos.
Por fim – e não menos importante – há milhares de barraqueiros e ambulantes que faturam com a realização da Micareta. A infinidade de produtos que eles oferecem durante a festa – sobretudo alimentos e bebidas – ajuda no orçamento doméstico e se reflete, inclusive, em maior demanda no comércio dos bairros, pois depois chega a vez deles comprarem.
Apesar dos investimentos para a realização da festa – segurança pública e saúde à frente – o próprio poder público se beneficia, com alguma compensação na arrecadação de impostos. No âmbito econômico, portanto, são amplos os benefícios.
Ora – dirá alguém – isso não constitui novidade, todo mundo sabe disso. É verdade. Mas vamos atravessando tempos trevosos. Nesta época de estridente fanatismo religioso, celebrações populares – como o Carnaval e sua gêmea siamesa feirense, a Micareta – colocam-se como alvos do fundamentalismo religioso. Daí a necessidade de lembrar a importância econômica da festa, ignorando até sua relevância cultural.
Ao invés do imortal “É a economia, estúpido”, do folclore político dos Estados Unidos, talvez caiba por aqui um “É a Micareta, estúpido”, que também ajuda a alavancar pretensões eleitorais na província feirense…
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