Recebi há pouco a notícia que o amigo, Professor Carlos Novaes, fez sua passagem para o Grande Mistério hoje. Amigo de minha família há muitos anos, chegou ao nosso convívio através do primo Augusto Cesar Freitas . Esse carioca vive em Feira desde que veio compor o curso de Engenharia Civil da UEFS. Depois de aposentado, por aqui ficou e fez do Boulevard seu escritório e lar cotidiano. Guardo boas memórias de suas excentricidades, da varanda da casa de Tia Lila, do Kibe de Wellington e Lola Aurora, do seu violão e flauta, dos veraneios na ilha, das longas e pausadas conversas, das caronas da UEFS até a Maria Quitéria com seu Fiat 147 que no seu ritmo duravam o triplo do tempo, numa dessas quase perdi minha primeira entrevista de emprego. Por sua direção ganhou o apelido de “Não vais”, trocadilho infame. Foi nosso vizinho na Edelvira Oliveira nos anos 80, dividia casa com uns amigos, quando assavam churrasco na varanda, ele trazia para nós que brincávamos de elástico na calçada da rua. Certa feita, seu carro pegou fogo na porta e nós, as meninas do elástico, debelamos o incêndio e ganhamos aplausos! Uma vez na ilha faltou água e era necessário mexer na bomba, ele, engenheiro hidráulico se candidatou a resolver, teoricamente, é claro. Michel deu umas duas porradas e tudo certo. Virou piada interna da família, “Eu sou Engenheiro Hidráulico”. Ficou muito contente quando eu me tornei sua colega de UEFS e me pagou um café no seu escritório. Retribui esse café há pouco tempo. Matemático e espiritualista, sem contradições. Um bom coração. É preciso contar as histórias de quem parte para que não sejam esquecidas. Descanse em paz, amigo, vá tocar do outro lado. O Shopping Boulevard deveria colocar uma placa por lá em sua homenagem.
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