Desde que surgiu, a Festa de Santana dividia-se em duas partes: a religiosa e a profana. Além dos bandos anunciadores com jovens mascarados montados em seus cavalos percorrendo as ruas anunciando mais uma festa, da parte profana tinha também lavagem da igreja e a levagem da lenha.
A lavagem acontecia na quinta-feira que antecedia a data magna. Homens, mulheres e crianças se dirigiam para a igreja com latas, baldes e outros vasilhames e faziam a lavagem do templo. O trabalho começava pela manhã e ao final, antes do entardecer, todos percorriam as ruas com as latas na cabeça, animados por músicos locais.
A levagem, nos mesmos moldes da lavagem passou a acontecer na terça-feira, véspera da procissão. Ela teve sua origem no vai e vem das pessoas levando lenha para a enorme fogueira que era acesa em frente da igreja durante os dias da festa, quando a cidade ainda não tinha luz elétrica.
Dos primórdios até 1987 a cidade viu a festa manter o ritual da parte religiosa culminando com a solene procissão e viu a parte profana e as atividades de largo acompanhar os novos tempos. Novos tempos que aboliram a guerra das torcidas em volta do coreto durante as tocatas das filarmônicas.
Em 1988 o bispo Dom Silvério tomou a decisão de separar o litúrgico do profano e para dificultar qualquer resistência retornou a festa para o mês de julho, como acontecia até o século XIX. Muitos viram na atitude do bispo uma maneira de inibir os templos de candomblé, pois crescia cada vez mais suas presenças, tendo à frente, entre outros, Mãe Socorro, de Rua Nova e Zeca de Iemanjá, do Campo Limpo.
Tamanha foi a da reação popular que padres publicaram nota oficial fazendo a defesa do bispo
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