Farol da Barra, Ladeira da Barra, Largo da Vitória, Largo dos Aflitos, Gamboa, Avenida Contorno, Praça Castro Alves, Praça Municipal, Praça da Cruz Caída, Forte do Santo Antônio Além do Carmo e por aí vai. Enfim, são muitos – inúmeros – os lugares a partir dos quais se pode contemplar a Baía de Todos os Santos.
Mesmo quando o espectador não está em algum destes mirantes a baía – a Ilha de Itaparica lá ao fundo – se apresenta de maneira soberba. Ali na Avenida Sete de Setembro, junto ao Passeio Público, sobre o viaduto que corta a Gamboa de Cima, por exemplo, há um magnífico flash. Também naquelas ruas laterais do Corredor da Vitória há sempre uma exibição de azul, azul do céu e azul do mar. Bem lá atrás, o verde da ilha.
Prenhe de curvas, becos e aclives, Salvador oferece estas deslumbrantes surpresas a quem circula a pé por suas vias. Como não se extasiar com aquela vista esplêndida – e icônica, para usar uma palavra da moda – da Rua do Pau da Bandeira, ali a partir da Rua Chile?
Difícil – mesmo – é descrever a Baía de Todos os Santos nos dias de imaculado estio, quando tudo é azul. No repertório das recordações de belezas que conduzo desta vida, muitas se referem à baía em dias de sol esplêndido. Pena que, limitado, coitado, não disponho de vocabulário, nem de poesia para traduzir, mesmo de maneira opaca, aquela beleza profunda.
Sempre lembro de Albert Camus, que visitou a Bahia em julho de 1949. O festejado escritor franco-argelino traduziu, com lírica concisão, as sensações que a Baía de Todos os Santos lhe provocava. Ei-lo: “Prefiro essa baía à do Rio, muito espetacular para o meu gosto. Esta, pelo menos, tem uma medida e uma poesia”.
É melhor não resgatar um debate ocioso sobre qual das baías é mais bonita, mais espetacular, etc. Isso é tema para os engajados das mídias sociais. Melhor é sorver a medida e a poesia da Baía de Todos os Santos quando se está defronte a ela. Cenário magnífico, mesmo sob chuva, mesmo quando as nuvens estão carregadas, baixas, e a atmosfera acinzentada.
Vá lá que, nos últimos dias, temporais afugentaram um pouco o verão. Mas a estação, este ano, se estende até o começo de março, quando devem ecoar os derradeiros acordes do Carnaval. Então, quem pode, está desfrutando as belezas do litoral baiano, no geral, e da Baía de Todos os Santos, no particular.
Ilustração: gravura da Baía em 1671, visão tirada do trabalho de Frans Post.
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