
Dona Francisa, feirante da Marechal, moradora da Gabriela, arruma os dois filhos pequenos. Os meninos, de 9 e 10 anos, estão ansiosos, nunca viram ao vivo artistas tão famosos, a não ser na TV. Dona Alzira, 73 anos, sem problemas. Sem reumatismo, toda durinha e lúcida, bota o vestido mais colorido e uma flor amarela na cabeça. Está pronta pra avenida, como faz há 50 anos.
Robinho, 16 anos, comprou bermuda novinha, camisa colorida, fez até uma tatuagem. Seu primeiro encontro vai ser daqui a pouco na Presidente Dutra, com uma gatinha. Seu Firmino convocou a família. Este ano conseguiu um lugar bem legal pra barraca. Certamente vai ser melhor que no ano passado. Um troco a mais pra ajudar nas despesas. Margarida e Paulo moram na Kalilândia, vão curtir um pouquinho na praça e mais tarde vão pra um camarote na avenida.
Durante quatro dias, todos juntos num mundo de risos, abraços, música, dança, gingado, malícia, na multidão com uma bagunça oganizada. Negros, pobres, brancos, belos, feios, uísque, capeta. E o impressionante: não há mortes, como em todo fim de semana!
Mas ainda há quem torça pelo fim desse mundo. Porque nem toda felicidade é lucro. É só fé.
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