
Segundo mainha, vó Mariinha me deu café na mamadeira com poucos meses de vida, daí o resto é história. Independentemente da pergunta, a resposta é café. Para acordar? Para dar coragem no meio do trabalho? Para arrematar o almoço? Meio da tarde para estimular? Dor de cabeça? Quer? Vem aqui em casa? Tem aí? Vamos sair para? Com bolo? Com pão? Com chocolate?Com beiju? Com farofa de ovo? Com nada? Parou num posto no meio da estrada? O resultado está demorando muito? É o que que você quer me contar? Conversa difícil? Sozinha ? Acompanhada? A consulta está demorando? A viagem vai ser longa? Hoje só? Só isso mesmo? De novo?A reunião é daquelas?
Para mim é um sofrimento quando por força de exames não posso começar o dia com ele, ou, muito pior, preparos de exames prolongados, um verdadeiro suplício. Quando o médico manda diminuir o café? Troca de médico, óbvio. Desaforo? Café frio, doce ou fraco. Só forte e amargo como a vida. Ofensa mortal? Café requentado, misericórdia, desconjuro. Falta grave, não se faz a um inimigo. Coado ou espresso? Prefiro o primeiro, não rejeito o segundo.
O fato é que graças a uns árabes curiosos que viram umas cabras pulando depois de comerem uma certa frutinha, o mundo caiu de amores por ele. Em Senhora, José de Alencar diz que é a bebida dos sibaritas, pessoa dada aos prazeres físicos, à voluptuosidade, à indolência (a exemplo dos habitantes de Síbaris, cidade grega), ou seja luxúria e preguiça, 2 pecados capitais! Faltou só a gula, esse fica por nossa conta. Luxo é pecado? Café é um luxo!
O amor ao nosso café nosso de cada dia, me faz mexer nos versos de Ferreira Gullar, como dois e dois são quatro, sei que a vida vale a pena, mesmo que o café esteja caro e a verba pequena….Perdoa esses versos quebrados, é que já está na hora? Triste ? Feliz? A resposta é…
Foto de Juliana Salles que tem um defeito imperdoável de não tomar?
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