
A notícia de que a Secretaria Municipal de Cultura vai ser alocada na antiga Escola Maria Quitéria, ali na Praça Froes da Motta, no centro da Feira de Santana, é alvissareira. Quem transita por lá sofre com a angústia provocada pela visão do imóvel abandonado, se deteriorando. Quem conhece a História da Princesa do Sertão sabe do triste destino de inúmeros imóveis antigos, com valor arquitetônico e cultural. Muitos simplesmente ruíram, alguns viraram estacionamento.
Com o imóvel reformado e em funcionamento, os impactos positivos não vão se limitar à edificação em si. Vão repercutir também sobre a praça, que anda vazia e malcuidada. Os jardins – por exemplo – e as árvores estão necessitando de cuidados, inclusive a última palmeira imperial que sobrevive no local.
Mais gente circulando pelas cercanias pode induzir a intervenções de revitalização da praça, sem dúvida. Tudo somado, pode representar um passo promissor para um objetivo mais amplo, que a Feira de Santana necessita há tempos: um ambicioso projeto de resgate e revitalização do seu centro comercial, que vem se esvaziando ao longo dos anos.
É necessário enfatizar que o projeto Novo Centro – que ampliou calçadas e as possibilidades de circulação de pedestres – foi um passo importante para a humanização daquelas vias. Mas este, embora com alcance, contemplou apenas uma dimensão. Como se sabe, há outras, indispensáveis para a revitalização do centro.
A mais óbvia é a reocupação de inúmeros imóveis que estão ociosos. A expansão do perímetro urbano da Feira de Santana nas últimas décadas – com o surgimento de bairros inteiros – desconcentrou o comércio e tornou o centro da cidade menos atraente, por conta das distâncias e das dificuldades de mobilidade.
Enfim, os desafios são vastos para que o antigo centro comercial – e até amplas áreas no interior do Anel de Contorno – sejam reocupados, com uso racional. Sim, tudo é complexo, exige recursos e uma fina articulação com os atores privados. Mas o “miolo histórico” da Feira de Santana precisa revitalizar-se.
Destinar a antiga Escola Maria Quitéria para a Secretaria da Cultura é promissor. Foi uma grande ideia da gestão José Ronaldo de Carvalho. Não, ainda não se articula a um projeto mais amplo, nem é fruto de ações mais concatenadas, pelo menos aparentemente. Mas sinaliza atenção com o destino do patrimônio arquitetônico do município.
Não deixa, portanto, de ser um passo. Ou um tijolo na desafiadora reconstrução do pujante centro comercial da Feira de Santana…
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Orgulho de ter estudado na Escola Maria Quitéria!!