
– Aceita Pix, aceita pix! – O grito acompanha quem transita pelo centro da Feira de Santana. Das meninas que vendem chip de celular até a turma que mercadeja tomate, cebola e pimentão, todo mundo aceita Pix. As diversas lojas do afamado comércio de rua da Princesa do Sertão, então, nem se fala. Algumas oferecem até desconto para quem paga com dinheiro em espécie – coisa rara hoje! – ou com a transferência via Pix.
Os malabaristas que fazem suas apresentações nos semáforos feirenses também aceitam Pix, assim como alguns pedintes espalhados pelas ruas feirenses. Uns exibem seus cartazes nos cruzamentos das grandes grandes avenidas, outros apenas se alojam pelas calçadas e, em um pedaço de papelão, rabiscam que estão com fome e fornecem número de celular com DDD 75.
Pelo visto, o Pix caiu no gosto do brasileiro desde quando foi lançado, durante a pandemia da Covid-19. Só quem não gostou, como se vê, foi Donald Trump, o tresloucado presidente dos Estados Unidos. Imagino que a família de Jair Bolsonaro – o “mito” – também passou a desgostar, só para manter alinhamento com o mandatário norte-americano.
A ampla aceitação do Pix – por sua praticidade e relativa segurança – veio no bojo de uma vigorosa digitalização dos serviços bancários. Antes dos aplicativos de bancos, o brasileiro estava amarrado às agências, aos caixas eletrônicos, aos cartões magnéticos. Agora, há a liberdade de se realizar diversas operações com um aparelho celular conectado à Internet.
Não é à toa que as agências bancárias estão minguando. Em 2006, a Feira de Santana contava com 26 agências, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Nos anos seguintes a quantidade seguiu crescendo, em linha com a expansão econômica daqueles anos. O auge ocorreu em 2013: naquele ano, havia 36 agências bancárias em funcionamento.
Nos anos seguintes começou o declínio, que coincidiu com a expansão dos serviços disponíveis nos aplicativos. Em 2017 havia, por exemplo, 32 e, seis anos depois, em 2023 – ano do último levantamento disponível – restavam somente 27. Ou seja, quase a mesma quantidade de 20 anos antes. De lá para cá, já houve anúncio de fechamento. Tudo indica que, ano que vem, haverá menos agências que duas décadas atrás.
Menos agências implica em menos empregos, mais sobrecarga sobre quem permanece empregado e, obviamente, menor qualidade dos serviços prestados à clientela que precisa se deslocar até alguma agência. Normalmente, quem precisa recorrer ao atendimento presencial costuma ter menos instrução e pouco dinheiro.
Como se sabe, os banqueiros pouco se lixam para seus funcionários e para a clientela pobre. Esta é a face problemática das profundas mudanças processadas no sistema bancário. Mas é necessário reconhecer que a tecnologia dos aplicativos bancários – e o Pix – trouxeram também maior acesso ao sistema bancário, democratização dos serviços e dinamização da economia.
Só quem não gostou do Pix – como já dito – foi o alaranjado Donald Trump…
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