Os mais de 100 mortos na operação policial da semana passada, no Rio de Janeiro, foram o estopim para o reposicionamento da extrema-direita no cenário eleitoral de 2026. Subitamente, a segurança pública se tornou a mais urgente pauta nacional e a matança, como método, converteu-se na panaceia para todas as questões da violência no Brasil. A histeria midiática colocou o governo na defensiva, mas não há certeza de que o clima permaneça até as próximas eleições.
Há pouco diziam que o Brasil se tornaria uma nova Venezuela, com fome e desemprego campeando por aí. Não é o que se vê: a renda cresceu, o emprego também, os preços pararam de subir e o País experimenta uma fase de relativa bonança econômica depois de uma interminável década de turbulências. Não dá, portanto, para a oposição insistir no “comunismo”, nem no descalabro econômico, para apear Lula do poder.
Que fazer, então? Apostar num tema afeito à extrema-direita e que, ao mesmo tempo, encurrale o governo. Para inflá-lo, há o incessante repisar midiático. A matança no Rio de janeiro veio a calhar, lançando o tema no noticiário. Obviamente, a extrema-direita não apresenta, nem busca soluções. Deseja, apenas, uma pauta que comova a sociedade e desconforte o governo, facilitando seu retorno ao poder.
É óbvio que as facções criminosas avançaram e consolidaram seu poder nos últimos anos. Sobretudo a partir do “libera geral” de armas no governo de Jair Bolsonaro, o “mito”. Claramente, o problema exige soluções urgentes. Mas é necessário sensatez para não recair na fórmula fácil da matança, vigente há décadas no Brasil. É necessário, também, cautela para não despencar na arapuca eleitoral da extrema-direita.
O cenário que começou a se desenhar nos últimos dias é profundamente inquietante. Caso a agenda necrófila avance e se consolide, o Brasil de Jair Bolsonaro vai parecer jardim de infância. Com todos os horrores que se viu naqueles anos funestos…
- Diversidade religiosa na Feira, segundo o Censo 2022 - 05/11/2025
- Com matança, extrema-direita se reposiciona - 04/11/2025
- O persistente trabalho infantil - 17/10/2025

