Feira acordou hoje sem ônibus em circulação. Em plena antevéspera de natal, dia mais movimentado para o comércio em todo o ano, deflagrou-se uma greve de cobradores e motoristas do SINCOL. O motivo é o não pagamento de salários e benefícios dos trabalhadores, uma quantia que, segundo as empresas, ultrapassaria 1 milhão e 300 mil reais.
Mesmo após a redução, pressionada pelas já históricas Jornadas de Junho, em 2013, a tarifa de Feira de Santana continua a ser uma das mais altas do Nordeste e totalmente incompatível com a qualidade do serviço prestado. Que motivos tem o cartel do ônibus para reclamar? A diminuição do exorbitante lucro presumido para um valor minimamente justo.
Enquanto não se desmascarar hipocrisia típica do capital, veiculada, no caso, pelo advogado das empresas (note o uso de uma figura competente para proferir o discurso), ao afirmar que a situação delas é “lamentável”, serão sempre legitimadas a opressão, o autoritarismo e a exploração. Doutor, devo dizer-lhe que lamentável e a situação do povo, sujeito a um transporte lento, desconfortável e lotado, pagando por isso uma tarifa que excede os limites do bom senso.
Ao realizar uma manifestação legítima, os trabalhadores do ônibus equivocam-se no alvo: atingem não os culpados, mas as vítimas. Quem sempre sofre com a falta de lógica das concessões dos transportes; nas quais inexiste sequer concorrência, pilar do liberalismo supostamente posto em prática; são os usuários.
Daniel Rêgo é estudante.
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