Duas lagoas com o nome de Salgada, uma rural outra urbana. Seria apenas uma curiosidade talvez sem muita importância, se não fosse Feira de Santana uma cidade com uma enorme tendência para a duplicidade ou ‘dualidade’.
Geograficamente (alô professor Marialvo Barreto), Feira está localizada em duas regiões com características culturais distintas e às vezes conflitantes mas também confluentes. É Sertão mas também é Recôncavo.
As avenidas e ruas em Feira dividem-se ao meio. Getúlio e Olímpio Vital, Quitéria e Fraga Maia, tem a praça da Bandeira e a João Pedreira juntas e separadas…a cidade tem fartura de espaços e vocação para dividir e varejar.
É assim que Feira de Santana é a única cidade do Brasil que possui dois planetários, o Antares e o do Museu Parque do Saber, para a observação do céu (o pôr-do-sol feirense é cantado em prosa e verso).
E por que não dois feriados carnavalescos?: o desta próxima semana e o da Micareta, o carnaval fora de época que foi o pioneiro do pais, e que este ano acontece quase no São João, em maio.
Quase esquecia da universal Política: na situação temos um Prefeito Zé e na oposição…adivinha…
Mas voltemos às lagoas, assunto pertinente aos nossos dias:
A Salgada urbana é aquela margeada pela maior e mais nova avenida da cidade com nome de ex-deputado federal e comerciante Nóide Cerqueira. A Prefeitura tem planos de proteção e urbanização para ela e junto com a Lagoa Grande deve ser hoje a mais conhecida entre a população feirense.
A Salgada rural poucos conhecem. Está do lado direito de quem passa pela BR-116 mas não dá para vê-la. Antes dela ainda tem outra, a do Mundéu, mas essa é outra história.
A Salgada rural acolheu negros quilombolas do Candeal em busca de liberdade em terra fértil e ali se formou a ‘Fazenda da Salgada’ no distrito da Matinha.
A memória quilombola do local está registrada em um cordel chancelado pela Secretaria de Educação do Município, pois a autora é hoje uma professora municipal aposentada.
Hoje a Salgada não tem mais o valor comunitário de origem e está completamente ‘privatizada’ por uma extensa propriedade rural daquela região do Município.