Na Bahia, Salvador permanece como destino preferencial dos investimentos em infraestrutura.
É lá que estão sendo tocadas as grandes obras de mobilidade urbana – a exemplo do metrô – e onde se rasgam novas e largas avenidas que vão conectar as diversas regiões da capital baiana.
É claro que esses investimentos são essenciais, mas é evidente também que o interior segue precisando de investimentos.
Aqui na Feira de Santana, por exemplo, as necessidades se avolumam.
Vá lá que se rasgou a avenida Nóide Cerqueira e que um trecho do Anel de Contorno foi duplicado, desafogando um pouco o tráfego na porção sul da cidade.
Mas o mesmo Anel de Contorno segue à espera de uma solução definitiva – o trânsito na via, sobretudo pela manhã e nos finais de tarde, é exasperante – e rodovias federais no entorno exigem duplicação há décadas.
O desejável, mesmo, seria que essas intervenções se articulassem com os municípios do entorno, viabilizando a festejada região metropolitana que nunca saiu do papel. Mas, para isso, é preciso governo que planeje e pretenda, de fato, implementar o que concebeu. Não é o que vai acontecer caso siga prevalecendo a agenda do “deus mercado”.
Não se pode ser injusto e apenas culpar o “deus mercado”: este se relaciona às questões de conteúdo.
Há graves problemas também em relação ao método: no Brasil do balcão, da barganha parlamentar, rejeita-se a perspectiva do macro para se abraçar o micro, a obra miúda que agrada o amigo parlamentar e impressiona o eleitor confinado no curral eleitoral. Nada mais danoso para ambições abrangentes de desenvolvimento.
A situação não resulta de um incontornável fenômeno natural: é produto de arraigadas, mas mutáveis concepções políticas. A sociedade civil – com suas organizações, associações e variadas entidades – deve pressionar suas lideranças políticas para que a lógica parlamentar comece a mudar. Não existe momento mais adequado que aquele que precede eleições presidenciais, como o que estamos vivendo.
Feira de Santana possui necessidades variadas e urgentes que, ao invés de serem viabilizadas no varejo e sem articulação com soluções mais abrangentes, precisam se condensar num robusto plano de desenvolvimento.
Elementos para esse plano podem ser oferecidos pela própria sociedade, mas exigem a mediação do poder político para se concretizar.
Utópico à primeira vista, esse caminho é o mais seguro para impulsionar o desenvolvimento – com os investimentos fundamentais em infraestrutura – que todos almejam em seus discursos.
André Pomponet é jornalista e economista especialista em Política Pública e Gestão Governamental
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