Apesar de toda a apreensão em relação à situação do País, a economia da Feira de Santana já se mobiliza para os festejos juninos. Na televisão já se veem propagandas de lojas de calçados, de roupas e até de atacadistas do setor de alimentos. As ofertas imperdíveis são lançadas entre bandeirolas no vídeo e sob o som inconfundível de forrós antigos: o calçado e a roupa novos e os produtos típicos da época são indispensáveis para quem deseja aproveitar os festejos atendendo às tradições.
Pelas rodovias que cortam as cercanias são anunciadas as atrações das festas tradicionais da região, sobretudo em municípios do Recôncavo, como Cruz das Almas, Amargosa e Santo Antônio de Jesus. Os out doors tentam convencer os festeiros de plantão, mas não faltam anúncios de artistas desconhecidos, tentando sensibilizar os prefeitos.
Em 2019 o apelo é maior em função de uma feliz coincidência: o feriado de Corpus Christi cai em 20 de junho, uma quinta-feira. Assim, muita gente deve “enforcar” o expediente na sexta-feira e emendar com o São João, cujo feriado é na segunda-feira seguinte. Serão, portanto, cinco dias de folga. É um estímulo adicional ao consumo e aos negócios, mesmo com a infindável e exasperante paralisia econômica.
Pelas ruas já é possível perceber o clima: bandeirolas, fogueiras e balões compõem a decoração das lojas que buscam atrair clientes. O som das sanfonas predomina nos alto-falantes espalhados pelo centro da cidade, os folhetos distribuídos pelos panfleteiros em calçadas e calçadões realçam gravuras juninas e os católicos devotos já se dedicam à trezena de Santo Antônio.
Empresas disponibilizam licores variados para a clientela degustar. Mas os apreciadores mais entusiasmados da bebida já enxugam garrafas em celebrações ocasionais nos finais de semana, desde maio. Quem vende, ressalta que o produto é o afamado da vizinha Cachoeira. Há quem enverede em intermináveis debates para definir qual o melhor licor da região:
– É o de Belém de Cachoeira – Sustenta um, referindo-se ao bucólico distrito da cidade histórica.
– É o da Fazenda Tal – Fustiga outro, insuflando uma dúvida insanável.
Pelas feiras-livres, aqui ou ali, ganham destaque os produtos típicos do período, como o milho, o amendoim e a laranja. Em alguns pontos da cidade já há quem arrisque faturar algum vendendo fogueiras juninas. E o espocar de fogos – se já não é tão frequente como noutros tempos – costuma ferir o silêncio noturno, advertindo que as celebrações do São João e do São Pedro se aproximam.
As festas juninas são aquilo que o Nordeste tem de mais autêntico. Não é à toa que muita gente entra em férias no período e a própria capital, Salvador, se esvazia, com viajantes afoitos tentando chegar para as festas interior afora.
A partir dessa semana o comércio feirense começa a funcionar em horário especial, o que deve animar os consumidores locais e visitantes.
André Pomponet é jornalista e economista especialista em Política Pública e Gestão Governamental
Na foto que ilustra o texto: a chef de cozinha Mônia Monique preparava sua receita para as câmeras da Tv. Subaé/Rede Globo, enquanto o sanfoneiro André Galdino (Baio) exibia o talento que o faz um dos melhores sanfoneiros do Nordeste. (2016 – Arquivo Blog da Feira)
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